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Filosofia Prof.MS. Tito A. Valencia Monárdez Conceitos básicos

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Filosofia Prof.MS. Tito A. Valencia Monárdez

Conceitos básicos

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A Filosofia de Vida e o Rigor do Pensamento Filosófico

Como definir Filosofia? Qual sua utilidade no nosso dia a dia? Qual sua importância para todos aqueles que não são filósofos e não fazem do pensamento filosófico um modo de vida? Essas são algumas perguntas frequentes entre os estudantes de qualquer faculdade.

Ao invés, porém, de se abrir para o novo, é também significativa a parcela de alunos que resolve se proteger da Filosofia, afirmando, do fundo da sua caverna, que ela é muito subjetiva, é uma viagem incompreensível, e não serve para nada que se relacione à vida prática.

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Para Kant, não é possível aprender o que é a Filosofia, só é possível aprender a filosofar.

Merleau- Ponty, por sua vez, afirma que filosofar é reaprender a ver o mundo.

Segundo Gramsci, “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque pensar é próprio do homem.”

André Comte-Sponville (2003), finalmente, arrisca: “filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento” e arremata: a filosofia é “uma prática teórica (mas não-científica), que tem o todo por objeto, a razão por meio e a sabedoria por fim. Trata-se de pensar melhor, para viver melhor.”

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Para que serve, então, a Filosofia?

Para aprimorar a reflexão crítica, inerente a todo e qualquer ser humano! Pensar melhor, para viver melhor!

A esse pensamento crítico chamamos “filosofia de vida”.

Trata-se mais de uma atitude do que de uma erudição. É isso o que eu procuro fazer na minha vida. É isso o que você pode fazer na sua! Basta coragem e disposição.

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Consciência mítica

Tudo aquilo que a Ciência não consegue explicar racionalmente, os seres humanos acabam por explica miticamente.

Os habitantes da Grécia Antiga, do século XX ao século VIII a. C., assim como as tribos indígenas de todo o continente americano – principalmente antes da chegada dos europeus –, são exemplos de culturas que têm na consciência mítica a forma de conhecimento predominante.

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Os mitos

Trata-se de uma forma de compreender a realidade e de conquistar, pelo menos provisoriamente, tranquilidade e acomodação em um mundo assustador.

Os mitos expressam os temores e os desejos dos seres humanos em face do medo que as forças hostis da natureza lhes inspiram.

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Pensamento mítico

O pensamento mítico, portanto, é a forma pela qual uma cultura passa e explicar aspectos essenciais da realidade.

As perguntas sobre o funcionamento da natureza (que se mostra ameaçadora), a origem do mundo, a importância dos valores que modelam o comportamento do grupo etc. ganham uma resposta mítica, ou seja, uma resposta que apela ao sobrenatural, ao sagrado como visão de mundo – e, portanto, como “verdade” – ou o indivíduo não pertence ao grupo e o mito perde seu sentido.

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O Nascimento da Consciência Filosófica: os Pré-Socráticos

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Contexto histórico

Fim da civilização Micênica;

Renascimento do comércio, com a invenção da moeda;

A escrita é dessacralizada;

O nascimento da Polis e da democracia;

A política e o governo aparecem, pela primeira vez na história, como criação da vontade humana. A política finalmente torna-se laica, ou seja, assunto dos homens e não dos deuses;

O destino, que antes era traçado inexoravelmente pela vontade dos deuses, passa a ser responsabilidade dos cidadãos.

Finalmente as leis que regem o convívio social não são mais tabus, não são mais expressão da consciência mítica, mas o resultado impessoal de uma decisão coletiva, tomada abertamente após a discussão em praça pública.

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Physis e arché

A palavra grega physis, que é a origem etimológica de física, é geralmente traduzida por natureza. Seu significado, porém, é mais amplo e refere-se ao processo de nascimento, crescimento e transformação da natureza.

Quem indaga sobre a physis, indaga sobre o princípio ou fundamento de todas as coisas, que os gregos chamavam arché: haverá um princípio único que ordene todas as coisas do mundo?

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Os primeiros filósofos, porém, insatisfeitos com as explicações míticas, foram buscar uma explicação natural – e não sobrenatural – para o princípio de todas as coisas.

A chave para a compreensão da arché estaria, portanto, na própria natureza e não em algo fora do mundo, preso a uma realidade misteriosa e inacessível.

A realidade, dessa forma, se abre à possibilidade do conhecimento e de explicações racionais. Isso dá origem ao pensamento filosófico científico.

Os filósofos opõem a Cosmologia à Cosmogonia dos mitos.

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Tales, nascido em Mileto, é considerado o primeiro filósofo;

Ao recusar a explicação mítica, ele afirma que o princípio da physis é a água. Todo o universo e toda a natureza teriam se originado desse elemento, sendo possível encontrá-lo em tudo aquilo que está vivo;

É relevante, também, o caráter crítico do pensamento de Tales;

Seus discípulos Anaximandro e, depois, Anaxímenes e Heráclito são os mais importantes filósofos pré- -socráticos da Jônia.

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A denominação filósofos pré-socráticos é, ao mesmo tempo, cronológica e temática. Cronológica porque grande parte desses filósofos viveu antes de Sócrates, considerado um marco da Filosofia; temática porque sua principal característica é a tentativa de explicação racional da origem do universo: seu objeto de reflexão é a physis.

Em resumo, há uma ruptura entre a consciência mítica e a Filosofia nascente. Ao contrário do que acontece com a explicação mítica, que é aceita pelo indivíduo sem questionamentos, a explicação filosófica é problematizadora e convida à discussão.

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Em oposição à figura do sábio religioso, que detém a verdade do conhecimento mítico, os gregos inventam a figura do filósofo.

O filósofo, portanto, não é o dono da verdade, mas aquele que sai em sua busca, ou, como diria Pitágoras, é o amigo (philos) do saber (sophia), daí a origem do próprio termo ‘filosofia’: philos + sophia.

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Dogmatismo, Senso Comum e Pensamento Ideológico

O termo ‘dogma’ possui diversas perspectivas:

- o dogma mítico-religioso é uma verdade indiscutível que a razão não precisa explicar;

- o dogma valorativo deriva da falta de capacidade de um indivíduo de colocar em xeque seus próprios valores, que passam a ser considerados universais;

- o dogma político é a maior ameaça às democracias.

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O “senso comum” é o conhecimento que herdamos pela tradição e ao qual acrescentamos os frutos da experiência vivida na coletividade a que pertencemos.

Trata-se de um conjunto de valores e ideias mais ou menos compartilhado socialmente e que nos permite interpretar a realidade e agir.

O problema, porém, é que o senso comum não é resultado da reflexão e pode encontrar-se misturado a crenças e preconceitos.

Como primeiro nívelo de conhecimento, é ainda ingênuo, não crítico, fragmentário, assistemático e incoerente, levando, muitas vezes, à ação conservadora e resistente às mudanças.

O senso comum, todavia, pode ser superado, não apenas pelas formas mais rigorosas do conhecimento, como a Ciência e a Filosofia, mas também pelo exercício da filosofia de vida.

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A ideologia é um conjunto de ideias (compostas por valores, princípios, crenças) que se explicam por suas condições históricas;

Já no uso cotidiano, chamamos de ideologia a nossa opinião ou posicionamento sobre determinado assunto.

É assim que falamos em ideologia de esquerda ou de direita, em ideologia libertária ou repressora, em ideologia democrática ou bélica.

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Ideologia na visão marxista:

Outro traço importante da ideologia é que ela reflete os valores da classe ou do segmento social dominante. A força do discurso ideológico consiste na capacidade de transformar em “universais” os valores que, no fundo, não passam de interesses particulares de um grupo específico. Assim, tanto dominados quanto dominadores incorporam o discurso e acreditam nele, não percebendo as lacunas que existem no discurso e que ocultam a maneira pela qual a realidade social foi produzida.