32
4. RESULTADOS Em um princípio determinou-se a concentração de sal na água utilizada nos testes de eletrocinese, o ensaio foi realizado no laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente do Departamento de Engenharia Civil da PUC - Rio o valor encontrado foi 33,5 mg/L. Mediante uma analise química no laboratório Analytical Solutions, verificou-se a presença de metais no sedimento, estes resultados estão apresentados na tabela 4.1. Tabela 4.1 Analise de metais presentes no sedimento Metais Concentração (mg/Kg) Alumínio 9411,74 Bário 36,04 Cádmio Abaixo do limite de detecção (0,02) Chumbo 22,06 Cromo 88,18 Níquel 7,56 Zinco 233,61 Foram realizados doze ensaios de eletrocinese, os primeiros três ensaios utilizando uma célula eletrocinética com eletrodos de aço inoxidável 316, e os nove ensaios seguintes com a mesma célula eletrocinética, mas com eletrodos de grafite. Nos compartimentos laterais da célula foi utilizada água da Baia de Guanabara Devido a eletrólise e a composição desta água, se formaram diferentes compostos nos eletrólitos do anodo e do catodo, o que ocasionou problemas de corrosão nos eletrodos durante os ensaios, principalmente no anodo. As determinações realizadas na água usada como eletrólito e no sedimento da Baia de Guanabara mostraram que o valor de pH da água foi 7,47 no início de cada ensaio, a concentração de cromo na água da Baía se encontrava abaixo do limite de sensibilidade da metodologia utilizada e que a

0611837 2008 cap 4 · apresentados na tabela 4.1. Tabela 4.1 Analise de metais presentes no sedimento ... Tabela 4.2 Condições iniciais dos ensaios com eletrodos de aço inoxidável

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4. RESULTADOS

Em um princípio determinou-se a concentração de sal na água utilizada

nos testes de eletrocinese, o ensaio foi realizado no laboratório de Geotecnia e

Meio Ambiente do Departamento de Engenharia Civil da PUC - Rio o valor

encontrado foi 33,5 mg/L.

Mediante uma analise química no laboratório Analytical Solutions,

verificou-se a presença de metais no sedimento, estes resultados estão

apresentados na tabela 4.1.

Tabela 4.1 Analise de metais presentes no sedimento

Metais Concentração (mg/Kg)

Alumínio 9411,74

Bário 36,04

Cádmio Abaixo do limite de detecção (0,02)

Chumbo 22,06

Cromo 88,18

Níquel 7,56

Zinco 233,61

Foram realizados doze ensaios de eletrocinese, os primeiros três ensaios

utilizando uma célula eletrocinética com eletrodos de aço inoxidável 316, e os

nove ensaios seguintes com a mesma célula eletrocinética, mas com eletrodos

de grafite.

Nos compartimentos laterais da célula foi utilizada água da Baia de

Guanabara Devido a eletrólise e a composição desta água, se formaram

diferentes compostos nos eletrólitos do anodo e do catodo, o que ocasionou

problemas de corrosão nos eletrodos durante os ensaios, principalmente no

anodo.

As determinações realizadas na água usada como eletrólito e no

sedimento da Baia de Guanabara mostraram que o valor de pH da água foi

7,47 no início de cada ensaio, a concentração de cromo na água da Baía se

encontrava abaixo do limite de sensibilidade da metodologia utilizada e que a

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concentração de cromo encontrada no sedimento foi em média de

130,31mg/kg.

4.1.

Ensaios de eletrocinese com eletrodos de aço inoxidável.

Como foi mencionado anteriormente foram realizados três ensaios de

eletrocinese utilizando eletrodos de aço inoxidável, com diferentes períodos de

duração da aplicação do campo elétrico. Após cada ensaio pode-se observar

uma cor verde escura no eletrólito do compartimento lateral do anodo, que

apresentava um pH ácido, entre 1,9 e 3,5, sugerindo a presença de cromo.

Segundo Brown et. al .(2001), o cromo em presença de ácido clorídrico

apresenta uma solução de cor verde, devido à sua complexação com cloretos.

Possivelmente durante os ensaios houve produção, por eletrólise, de

cloretos nos eletrólitos, que complexados com o cromo desprendido dos

eletrodos de aço inoxidável e também transportado pela eletrocinese, podem

ter formado compostos de cromo, acrescentando uma cor verde escura no

eletrólito do anodo, como evidenciado na figura 4.1.

Figura 4.1 Compartimento lateral do anodo da célula de eletrocinese após ensaio

com eletrodo de aço inoxidável

Nas figuras 4.2 e 4.3 são mostrados internamente os compartimento do

catodo e do anodo depois de desmontada a célula eletrocinética, onde é visível

a corrosão que existe no anodo.

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65

O eletrodo do anodo é o que apresenta maior corrosão, na figura 4.4 pode ser

apreciado mais claramente.

Figura 4.4 Eletrodo do anodo apresentando corrosão.

As condições iniciais dos ensaios realizados com eletrodos de aço

inoxidável são apresentadas na tabela 4.2. Por tratar-se de um ensaio

preliminar, não foi determinado o valor do pH no sedimento antes do ensaio

EK1.

Figura 4.2 Catodo de aço inoxidável e

eletrólito com precipitado retirado do

compartimento após a eletrocinese

Figura 4.3 Anodo de aço inoxidável com

corrosão e eletrólito retirado do

compartimento após a eletrocinese

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Tabela 4.2 Condições iniciais dos ensaios com eletrodos de aço inoxidável

Ensaio Voltagem

(V)

Duração

(h)

Concentração

inicial de cromo

no sedimento

Umidade

sedimento

(%)

Valor

pH

sedimento

n

(%)

EK 1 7,5 2 132,31 mg/kg 62,62 ND 59,22

EK 2 5 10 132,31 mg/kg 58,62 7,93 60,03

EK 3 5 25 132,31 mg/kg 63,59 7,93 55,83

O valor da concentração inicial de cromo no sedimento apresentada na

tabela 4.1 é o valor médio determinado nos ensaios seguintes.

4.1.1

Variação do teor de umidade no sedimento.

A figura 4.5 apresenta a variação do teor de umidade nos ensaios

realizados com eletrodo de aço inoxidável. No ensaio EK1, por tratar-se de um

ensaio preliminar não foi medida a umidade após o ensaio.

62,1

53,3 52,2 54,651,2

69,0

61,253,7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

antes da EK anodo centro catodo

w (

%)

EK 2 EK 3

Fluxo

Figura 4.5 Teores de umidades no sedimento antes e depois da eletrocinese com

eletrodos de aço inox

O comportamento da distribuição dos valores de umidade do sedimento

foi diferente para os ensaios EK2 e EK3. No ensaio EK2 pode ser observada

pequena diminuição do teor de umidade de cada uma das fatias do sedimento

retirado do corpo de prova, em relação aos valores iniciais. Possivelmente o

menor tempo de duração do ensaio EK2, de somente 10 horas, não foi

suficiente para haver influência do fluxo eletro-osmótico na umidade do

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sedimento. Ao contrário, no ensaio EK3, cuja duração foi de 25 horas, o teor de

umidade do sedimento no corpo de prova aumentou, depois da aplicação da

corrente. Na fatia mais próxima do anodo mostrou um maior valor do teor de

umidade que na intermediária e no catodo (figura 4.5) na direção para a qual o

fluxo é direcionado.

4.1.2

pH

Os valores do pH no sedimento no final dos ensaios variaram de acordo

com o tempo de corrente aplicada, como foi explicado no capitulo anterior. Em

decorrência da eletrólise o pH se torna ácido nas proximidades do anodo e

básico nas proximidades do catodo. O eletrólito (água da Baia de Guanabara)

inicialmente com pH 7,47, tornou-se ácido, entre 1,9 e 3,5, na região do anodo,

e básico, entre 12,4 e 13, na região do catodo, em decorrência da eletrólise

ocorrida durante o ensaio.

Com o fluxo do líquido ocorrendo no sentido anodo-catodo em EK1, EK2

e EK3, os valores de pH do anodo e do catodo se apresentavam

proporcionalmente mais baixos e mais altos, respectivamente, à medida que o

tempo de aplicação da corrente elétrica aumentou nos diferentes ensaios

(figura 4.6)

No ensaio EK1, por tratar-se de um ensaio preliminar não foi medido o

valor do pH no sedimento após o ensaio.

7,93

2,33

7,02

8,249,3

12,36

1,9

5,08

6,58

12,5313

7,93

0

2

4

6

8

10

12

14

Antes daek

eletrolitoanodo

anodo centro catodo eletrolitocatodo

pH

EK2 EK3

Fluxo

corpo de prova

Figura 4.6 Variação do pH na célula eletrocinética em ensaios com eletrodos de aço

inoxidável

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68

4.1.3

Cromo

O conteúdo de cromo total nos eletrólitos do anodo variou entre 36,8mg a

270mg, sendo a massa total de cromo obtida nos eletrólitos, maior do que

aquela presente em todo o corpo de prova da célula eletrocinética no início dos

ensaios, que variou de 10,5mg a 11mg (figura 4.7).

1136,8

10,6

80,5

10,5

270

0

50

100

150

200

250

300

Sedimento antes do ensaio Eletrólito do anodo

cro

mo

to

tal (m

g)

EK1 EK2 EK3

Figura 4.7 Massa de cromo total no sedimento antes da eletrocinese e nos eletrólitos

do anodo depois da eletrocinese com eletrodos de aço inox

Na tabela 4.3 se apresentam os valores da massa do cromo total no

sedimento antes da eletrocinese e nos eletrólitos do anodo e do catodo após os

ensaios. Mostra-se que no catodo o cromo esteve abaixo do limite de

quantificação (limite de quantificação 0,15 ppm, limite de detecção 0,05 ppm).

Tabela 4.3 Massa de cromo total no sedimento antes da eletrocinese e nos eletrodos

após os ensaios

Massa de cromo (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Eletrólito do

anodo

Eletrólito do

catodo

EK1 11,0 36,8 < do limite

EK2 10,6 80,5 < do limite

EK3 10,5 270 < do limite

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Apresentou-se um precipitado branco no catodo, mas não foi realizada a

determinação do cromo neste precipitado

Segundo Deotti (2002), a presença de íon Cl- provoca uma reação no

aço inoxidável. Esta liga é mais sensível à corrosão em presença do íon Cl-

quando comparado a outros íons como Ca2+, Mg2+, entre outros. Deste modo,

em ambientes salinos, pode ser esperada uma maior corrosão de eletrodos de

aço inoxidável em ensaios eletrocinéticos.

Assim, o cromo presente no eletrodo deve ter sido transferido para o

eletrólito e pode ter sido também transportado posteriormente para o solo, por

eletromigração. Entretanto, não foi possível determinar a quantidade de cromo

no sedimento utlizando a técnica de extração descrita por Balogh, nem pelo

método colorimétrico nem por o espectofotometro atômico. No primeiro caso

houve grande interferência colorimétrica de outros materiais extraídos

juntamente com o cromo e a segunda metodologia mostrou que a eficiência de

extração utilizando o método de Balogh foi muito baixa

A diferença crescente destes valores de cromo no líquido dos eletrólitos,

entre os ensaios pode ter sido ocasionada pelo aumento, também crescente de

duração dos ensaios.

4.1.4

Fluxo eletro-osmótico e corrente

Foi constatada a produção de gases que movimenta o fluxo nas pipetas.

O fluxo eletro-osmótico ocorreu no sentido do anodo para o catodo e variou de

0,3 a 3mL nos ensaios EK2 e EK3 respectivamente.

4.2

Ensaios de eletrocinese com eletrodos de grafite.

Em conseqüência dos resultados obtidos nos ensaios feitos com

eletrodos de aço inoxidável 316, decidiu-se mudar o material dos eletrodos para

grafite, por se tratar de material inerte, não sofrendo corrosão ácida. Da mesma

forma Reddy et. al. 2002 e Weng & Yuan 2001, utilizaram eletrodos de grafite

nos ensaios eletrocinéticos.

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Foram realizados quatro grupos de ensaios com eletrodos de grafite, os

dois primeiros grupos podem ser considerados ensaios preliminares como

pode ser observado no esquema apresentado na figura 4.8

Figura 4.8 Esquema dos grupos de ensaios realizados com eletrodos de grafite

No entanto, os ensaios iniciais com os eletrodos de grafite tiveram

outros problemas como vazamentos, devido à porosidade do grafite. Foi então

colocada no eletrodo uma cola do lado que estava em contato como o acrílico

para que não se prejudicasse a transmissão da corrente e somente se evitasse

a saída do fluido. Entretanto, mesmo com a cola o lado do anodo apresentou

pequenos vazamentos.

As figuras 4.9.e 4.10 mostram o vazamento de líquido escuro ocorrido

no lado do eletrodo positivo (anodo).

Figura 4.9 Ensaio de eletrocinese com eletrodo de grafite mostrando vazamento de

líquido escuro na região do anodo

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Figura 4.10 Detalhe do eletrodo positivo (anodo) mostrando vazamento de líquido

escuro

O eletrodo de grafite está conectado na fonte através de um cabo, que

depois dos ensaios também fica com a ponta corroída, como é visto na figura

4.11 Isto pode ser explicado , pela porosidade do grafite; possivelmente o

eletrólito positivo, que é ácido, entra em contato com o cabo produzindo a

corrosão.

Figura 4.11 Ponta do cabo de metal corroída do lado do eletrodo positivo (anodo) nos ensaios com eletrodos de grafite

4.2.1

Ensaios eletrocinéticos de curta duração

Estes ensaios foram realizados com eletrodo de grafite no anodo e aço

inoxidável no catodo, com duração de somente 6 a 7 horas (ensaios

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72

preliminares). As condições iniciais destes ensaios estão apresentadas na

tabela 4.4.

Tabela 4.4 Condições iniciais dos ensaios de curta duração

Ensaio Voltagem

(V)

Duração

(h)

Concentração

inicial de cromo

no sedimento

Umidade

sedimento

(%)

Valor

pH

sedimento

n

(%)

EK 4 7,5 6 132,31 mg/kg 61,61 7,93 59,85

EK 5 5 7 132,31 mg/kg 64,48 7,93 60,94

EK 6 2,5 7 132,31 mg/kg 61,73 7,93 59,90

4.2.1.1

Variação do teor de umidade no sedimento.

Nestes ensaios o teor de umidade observado nas fatias do sedimento do

corpo de prova, após os ensaios, foi menor do que o teor de umidade do

sedimento adensado, no início dos ensaios. Esses resultados podem ser

explicados pelo curto período de duração dos ensaios, de 6 a 7 horas somente.

(figura 4.12).

61,6 58,753,4 53,3

64,5

56,9 56,0 56,161,7

49,6 47,750,6

0

10

20

30

40

50

60

70

antes da EK anodo centro catodo

w (

%)

EK 4 EK 5 EK 6

FLUXO

Figura 4.12 Teor de umidade no corpo de prova do sedimento antes e após ensaios de eletrocinese de curta duração, com eletrodos de grafite.

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73

4.2.1.2

pH

Da mesma forma que nos ensaios com eletrodos de aço inox, os

eletrólitos do anodo e do catodo apresentaram, ao final dos ensaios,

respectivamente valores de pH mais ácidos (de 1,43 a 6,47) e mais básicos (de

12,3 a 8,76) do que os valores de pH inicial dos eletrólitos 7,47, em

conseqüência da eletrólise. (figura 4.13)

As determinações do pH do sedimento indicam valores semelhantes

para EK4 e EK5, sendo mais ácido (5,32 e 2,77) perto do anodo e mais básico

(9,64 e 8,48) perto do catodo. Entretanto a variação do pH nas fatias do

sedimento do corpo de prova no EK6 foram bem menores, o que foi

provavelmente ocasionado em conseqüência do baixo gradiente de potencial

aplicado no ensaio, 2,5 Volts (0,5 V/cm).

Nestes ensaios foi possível observar a influência do eletrólito do anodo

nos valores de pH do solo mais próximo a esta região. O avanço da frente ácida

apresentada nestes ensaios foi maior que nos ensaios com eletrodos de aço

inoxidável. O valor do pH do sedimento na região do anodo no ensaio com

eletrodo de aço inoxidável com 25 horas de duração é 5,08 e nos ensaios com

eletrodos de grafite com e 7 horas de duração com a mesma diferencia de

potencial (5V) foi 2,77. Provavelmente isto foi conseqüência da eletrólise com

eletrodos de grafite, material que provoca mais rapidamente a geração de H+ no

anodo.

7,93

1,43

5,32

8,02

9,64

12,28

2,77

7,0

9,88

7,95

6,47

7,86 7,96

8,487,93

1,66

8,028,76

0

2

4

6

8

10

12

14

Antes daek

eletrolitoanodo

anodo centro catodo eletrolitocatodo

pH

EK4 EK5 EK6

Fluxo

corpo de prova

Figura 4.13 Variação de pH na célula eletrocinética nos ensaios de curta duração

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4.2.1.3

Cromo

Nestes ensaios, como nos anteriores, a metodologia para a

determinação de cromo no sedimento depois da eletrocinese não foi adequada,

já que a eficiência de extração utilizando o método de Balogh foi muito baixa,

mas se pode fazer a comparação da massa do cromo presente no sedimento

antes da eletrocinese e a massa de cromo nos eletrólitos após os ensaios,

lembrando que na água inicialmente não foi detectada a presença de cromo.

Foram analisados os eletrólitos do catodo e do anodo, para verificar se o

cromo do sedimento depois da eletrocinese havia migrado para os

compartimentos laterais da célula, estes resultados estão mostrados na tabela

4.5.

Tabela 4.5 Massa de cromo no sedimento antes da eletrocinese e nos eletrólitos após

os ensaios EK4, EK5 e EK6

Massa de cromo (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Eletrólito do

anodo

Eletrólito do

Catodo

Precipitado do

catodo

EK4 5,79 0,22 < limite ND

EK5 6,22 0,05 < limite 0,24

EK6 6,14 < limite < limite < limite

ND: Valor não determinado

< limite: Valor da concentração de cromo embaixo do limite de quantificação 0,15 ppm.

5,79

0,22

6,22

0,05

6,14

00

1

2

3

4

5

6

7

Sedimento antes do ensaio Eletrólito do anodo

cro

mo

to

tal (m

g)

EK4 EK5 EK6

Figura 4.14 Conteúdo de cromo no sedimento antes da eletrocinese e no eletrólito do anodo após os ensaios

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75

No ensaio EK5, observou-se uma remoção de cromo que,

aparentemente movimentou-se em parte na direção ao anodo, e em parte,

direção ao catodo. Mas como o cromo em água de alto pH precipita, foi

detectado no precipitado do catodo. No EK 4 também foi detectado cromo no

precipitado, mas por não ter a massa de todo o precipitado não foi possível

quantificá-lo. Já no EK6, pela baixa voltagem, não foi detectada a remoção de

cromo do solo em nenhum eletrólito.

Em decorrência do fato de que nestes ensaios ainda não havia sido

utilizado o eletrodo de aço inox no catodo, existe a possibilidade de que o

cromo presente no catodo tenha interferido nos resultados de quantificação de

cromo nos eletrólitos, existindo ainda uma corrosão do eletrodo.

4.2.1.4

Fluxo eletro-osmótico e corrente

Como nos ensaios anteriores, também foi constatada a produção de

gases em todos os ensaios de curta duração com um eletrodo de grafite, o que

movimenta o fluxo nas pipetas. O fluxo eletro-osmótico somente ocorreu no

ensaio EK4 (no sentido do anodo para o catodo), movimentando 1,2 mL.

O baixo ou inexistente fluxo eletro-osmótico se explica pela duração curta

do ensaio e esse pode ser o motivo pelo qual a umidade no corpo de prova

diminuiu depois do ensaio.

4.2.2

Ensaios eletrocinéticos sem suprimento de água no compartimento

lateral

A célula eletrocinética foi montada usando eletrodos de grafite no anodo

e no catodo. Nesses ensaios ocorreram problemas devido à falta de suprimento

de água no compartimento lateral do anodo e ao baixo pH do eletrólito (este

suprimento é feito manualmente , este grupo de ensaios foi realizado tentando

melhorar a eficiência na remoção com maior tempo de duração do ensaio ). No

ensaio EK 7 o papel filtro entre o sedimento e a água rasgou e o sedimento

desmoronou do lado do anodo (carga positiva). Este fato acrescido da carga

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76

hidráulica provocada pela água na pipeta do compartimento do catodo podem

ter sido os responsáveis pela passagem do fluido para o compartimento do

anodo.

Tabela 4.6 Condições iniciais dos ensaios sem suprimento de água

Ensaio Voltagem

(V)

Duração

(h)

Concentração

inicial de

cromo no

sedimento

Umidade

sedimento

(%)

Valor

pH

sedimento

n

(%)

EK 7 5 40 176,72 mg/kg 156,74 7,93 79,14

EK 8 7,5 27 130,25 mg/kg 146,41 7,88 77,99

Às 27 horas do ensaio EK 8 o papel filtro começou a rasgar do lado do

anodo, o que fez com que o ensaio fosse desligado para medir os parâmetros.

4.2.2.1

Variação do teor de umidade no sedimento.

No ensaio EK 7 como pode ser observado na figura 4.15, existe uma

perda de teor de umidade muito alta na área do catodo, atribuída ao fluxo

reverso. Este fluxo foi provocado pela carga hidráulica da pipeta do catodo, que

passou o liquido do eletrólito para o compartimento lateral do anodo, deixando

vazio o compartimento do catodo, provocando esta queda do valor da umidade.

156,7

215,1

73,4

50,2

198,1

171,1191,3

146,4

0

50

100

150

200

250

antes da EK anodo centro catodo

w (

%)

EK 7 EK 8

Figura 4.15 Variação do teor de umidade no sedimento dos ensaios EK7 e EK8 Fluxo

DBD
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77

No ensaio EK8 o comportamento dos valores do teor de umidade foi

semelhante ao comportamento no ensaio EK3, isto pela duração do ensaio, o

teor de umidade aumenta no sedimento após a eletrocinese pelo fluxo eletro-

osmótico, em maior proporção na proximidade no anodo que no catodo.

A figura 4.16 mostra como foi transportado o eletrólito para o

compartimento do anodo.

Figura 4.16 Ensaio EK 7 depois de 40 horas de eletrocinese.

4.2.2.2

pH

Devido ao fluxo reverso no ensaio EK 7, o valor do pH do sedimento

torna-se alto entre 12,20 e 12,18 tanto no setor do anodo como no setor do

catodo. Os valores do pH nos eletrólitos também são básicos variando entre

8,72 e 12,77 no anodo e no catodo respectivamente.

No ensaio EK 8 pela eletrólise, a geração de H+ no anodo provoca um

pH 1,42 no eletrólito do anodo e a geração de OH- um valor de 12,41 no

catodo. Em tanto os valores do pH no sedimento devido ao avanço das frentes

ácida e básica dos eletrólitos são 2,40 e 11,57, mais baixos perto do catodo e

altos no setor do anodo (figura 4.17)

DBD
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78

8,72

12,2011,64

12,1812,77

1,422,40

6,42

7,93

12,4111,57

7,88

0

2

4

6

8

10

12

14

Antes daek

eletrolitoanodo

anodo centro catodo eletrolitocatodo

pH

EK7 EK8

Fluxo

corpo de prova

Figura 4.17 Variação do pH na célula eletrocinética nos ensaios EK7 e EK8

4.2.2.3

Cromo

A concentração de cromo nas três fatias do sedimento está apresentada

no gráfico 4.9. As eficiências na remoção de cromo nos ensaios EK7 e EK8 são

20% e 3,8% respectivamente, mas a concentração continua acima do valor

apresentado como valor de prevenção, que é 75 mg Cr/kg de solo seco

segundo a tabela de valores orientadores para solo e água subterrânea do

estado de São Paulo (CETESB, 2005), conforme pode ser visto no Gráfico 4.9.

O valor orientador é a concentração de determinada substância, acima

da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água

subterrânea. Este valor indica a qualidade de um solo capaz de sustentar as

suas funções primárias, protegendo-se os receptores ecológicos e a qualidade

das águas subterrâneas. Quando ultrapassado, a continuidade da atividade

será submetida à nova avaliação, devendo os responsáveis legais pela

introdução das cargas poluentes proceder o monitoramento dos impactos

decorrentes (CETESB, 2005).

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79

176,72

124,08

155,66144,18

125,03

138,43130,25

112,59

75 75 75 75

50

70

90

110

130

150

170

190

antes da EK anodo centro catodo

Cr

(mg/K

g)

EK 7 EK 8 Valor de prevençao

Figura 4.18 Concentração de cromo no sedimento nos ensaios EK 7 e EK 8

Na figura 4.18 se observa que o cromo se movimentou tanto em direção

ao anodo como ao catodo, resultando em uma concentração maior na parte

central.

Após o final do ensaio de eletrocinese, o sedimento foi dividido em três

fatias, como foi descrito no capitulo anterior, e determinada a massa de cromo

em cada fatia Esses resultados estão apresentados na tabela 4.7 e 4.8.

Tabela 4.7 Massa de cromo em cada fatia de sedimento antes e após os ensaios

EK7 e EK 8

Massa de cromo (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Sedimento após o

ensaio

Anodo 1,34 0,94

Centro 1,32 1,16

EK7

Catodo 1,86 1,52

Anodo 0,95 0,82 Centro 0,99 1,05

EK8

Catodo 1,45 1,40

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80

Tabela 4.8 Massa de cromo no sedimento e nos eletrólitos dos ensaios EK7 e EK8.

MASSA DE CROMO (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Sedimento

após o ensaio

Eletrólito do

anodo

Eletrólito do

Catodo

EK7 4,52 3,62 0,2100 0,0400

EK8 3,39 3,27 0,0013 0,0030

No ensaio EK7 pode ter acontecido que parte da massa de cromo que

se encontrava no eletrólito positivo (catodo) tenha passado ao eletrólito do

negativo (anodo) devido à destruição parcial do papel de filtro e

desmoronamento do sedimento.

O precipitado no catodo foi filtrado e uma vez retirado do papel filtro foi

diluído em acido nítrico para determinar a massa de cromo, mas apresentou um

valor abaixo do limite de quantificação.

4.2.2.4 Fluxo eletro-osmótico e corrente

A produção de gases nas primeiras horas movimenta o fluxo nas pipetas.

O fluxo eletro-osmótico ocorreu no sentido do anodo para o catodo, no ensaio

EK7 foi difícil medir o volume percolado pela quebra do papel de filtro e no

ensaio EK8 foram 3,8mL percolados.

4.2.3

Ensaios eletrocinéticos com o mesmo tempo de duração e

diferentes voltagens

Para evitar problemas como a quebra do papel filtro, realizaram-se

ensaios com 24 horas de duração, mudando a voltagem em cada ensaio.

Tabela 4.9 Condições iniciais dos ensaios com duração constante

Ensaio Voltagem

(V)

Duração

(h)

Concentração

inicial de cromo

no sedimento

Umidade

sedimento

(%)

Valor

pH

sedimento

n

(%)

EK 9 7 24 129,59 mg/kg 151,21 8,13 78,54

EK 10 6,5 24 138,50 mg/kg 153,74 7,78 78,82

EK 11 6 24 122,61 mg/kg 151,62 8,03 78,58

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81

4.2.3.1 Variação do teor de umidade no sedimento.

O teor de umidade contido no sedimento ao finalizar os ensaios foi

comparado com a umidade inicial do corpo de prova e as modificações

observadas podem ser atribuídas à variação do fluxo eletro-osmótico ocorrido

como resultado das mudanças dos parâmetros como condutividade ou

migração iônica. Ao final dos ensaios a umidade na região do anodo é maior

que no catodo como pode ser observado na figura 4.19.

171,2 171,2160,7

151,6

180,9 180,1166,4

151,2

174,5181,1185,9

153,7

0

50

100

150

200

antes da EK anodo centro catodo

w (

%)

EK 9 EK 10 EK11

Fluxo

Figura 4.19 Variação de umidade do sedimento nos ensaios EK 9, EK10 e EK 11.

4.2.3.2

pH

Como foi mencionado anteriormente, a eletrólise na água resulta em

uma formação de íons de H+ (solução com pH ácido) no anodo e íons OH-

(solução de pH elevado) no catodo. Primeiramente devido à eletromigração os

íons tendem a migrar em direção ao eletrodo de carga oposta e a mobilidade

dos H+ é maior que a dos OH-.

O avanço da frente ácida é mais rápido que o avanço da frente básica e

quando a voltagem é maior esta velocidade aumenta, como pode ser

observado na figura 4.20.

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82

8,1

1,5 1,7

4,7

12,311,4

8,0

0,9

5,2

7,9

12,012,3

4,9

2,01,9

7,8

13,2

8,5

0

2

4

6

8

10

12

14

Antes da ek eletrolitoanodo

anodo centro catodo eletrolitocatodo

pH

EK9 EK10 EK11

Fluxo

corpo de prova

Figura 4.20 Variação do pH na célula eletrocinética nos ensaios nos ensaios EK 9

EK10 e EK11

A solução de frente ácida gerada pela eletrólise no anodo, se movimenta

desde o anodo ao catodo, e esta solução abaixa significativamente o pH no

sedimento nas cercanias ao anodo. Também é evidente que a frente básica,

formada no catodo, migra em direção ao anodo, aumentando o pH na região

perto ao catodo.

Devido ao fluxo eletrosmótico, que vai em direção ao catodo, o pH no

corpo de prova na região do anodo deve ser mais baixo que o inicial, mas o pH

baixo do fluido eletrolítico nas proximidades do catodo é neutralizado pelos OH-,

que são formandos no catodo e se movimentam em direção ao anodo.

4.2.3.3

Cromo

Foi medida a concentração de cromo no corpo de prova antes e depois

da eletrocinese Pode-se observar que após da eletrocinese, nos três ensaios, a

concentração de cromo diminuiu. O cromo se movimentou através do

sedimento principalmente devido à eletromigração e ao fluxo eletro-osmótico.

Parte do cromo no sedimento se movimenta em direção ao anodo e parte em

direção ao catodo.

Resultados parecidos são apresentados por Reddy e Chinthamreddy

(2003), onde possivelmente o cromo estava em forma catiônica e complexos de

hidroxilas catiônicas, que migraram em direção ao catodo e precipitaram já a

partir de um pH próximo a 5.

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83

Segundo Reddy e Chinthamreddy (2001), o cromo em forma de cromo

(VI) existe em forma de compostos aniônicos e migra em direção ao anodo.

Para entender os resultados dos ensaios EK9, EK10 e EK11 pode-se

citar os resultados de Handam (2008), que realizou ensaios eletrocinéticos em

dois tipos de solos (caulim e till) contaminados com Cr (VI), constatou uma

redução do Cr (VI) e Cr (III) em ambos os solos. No caulim um incremento de

voltagem causou maior migração de Cr (VI) em direção ao anodo e pelo baixo

pH ficou adsorvido no solo e o Cr(III) migrou e se acumulou, precipitando-se e

adsorvendo-se nas cercanias ao catodo. No solo glacial (till), dado ao seu pH

elevado, existiu significante migração de cromo em direção ao anodo, estando

o cromo (VI) em forma aquosa e o Cr (III) precipitou-se nesta região.

No sedimento da Baía de Guanabara não se realizou a diferenciação

entre o Cr (VI) e Cr (III) nem antes dos ensaios eletrocinéticos nem ao final

deles, mas com as concentrações de cromo no corpo de prova, antes e após a

eletrocinese, na figura 4.21 é observado um movimento dos íons de cromo,

complexados ou não, em direção ao anodo e ao catodo.

130

109

122

107

138

126 125123123

111 109

118

70

80

90

100

110

120

130

140

150

antes da EK anodo centro catodo

Cr

(mg

/Kg

)

ek9 ek10 ek11 valor de prevenção

Figura 4.21 Concentração de cromo no sedimento antes e após a eletrocinese nos

ensaios EK9 EK10 e EK11

Com a concentração de cromo em cada fatia e o peso seco, foi

determinada massa total de cromo em cada fatia. Estes valores estão

mostrados na tabela 4.10.

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Tabela 4.10 Massa de cromo em cada fatia de sedimento antes e após o ensaio

Massa de cromo (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Sedimento após o

ensaio

Anodo 0,87 0,74

Centro 0,94 0,89

EK9

Catodo 1,43 1,18

Anodo 0,92 0,84 Centro 1,24 1,12

EK10

Catodo 1,37 1,21 Anodo 0,95 0,86 Centro 1,05 0,93

EK11

Catodo 1,27 1,22

Não se identificou a presença de cromo, previamente aos ensaios

eletrocinéticos, na água utilizada nos compartimentos laterais da célula. A

massa de cromo presente na água dos eletrólitos e a massa de cromo no corpo

de prova após os ensaios está mostrada na tabela 4.10.

Tabela 4.11 Massa de cromo no sedimento e nos eletrólitos dos ensaios EK9, EK10 e

EK11.

MASSA DE CROMO (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Sedimento

após o ensaio

Eletrólito do

anodo

Eletrólito do

Catodo

EK9 3,24 2,81 0,007 0,003

EK10 3,53 3,17 0,007 0,002

EK11 3,27 3,01 < limite 0,001

< limite: valor da concentração de cromo embaixo do limite de quantificação 0,15 ppm.

Foi observada a presença de um precipitado no eletrólito do catodo

formado por diferentes sais, produto da eletrólise da água do mar. Esse

eletrólito foi filtrado e o precipitado retirado do papel, pesado e diluído em ácido

nítrico para quantificar o cromo, mas os resultados estiveram embaixo do limite

de quantificação , 0,15 ppm.

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Evidenciou-se uma diminuição da massa total de cromo no sedimento

seco após os ensaios, em relação a massa inicial. A eficiência na remoção dos

ensaios é mostrada na figura 4.22. Estas eficiências estão próximas à eficiência

da remoção de cromo encontradas na literatura (Muntoni, 2007). A eficiência foi

maior quando a voltagem do ensaio aumentou.

A eficiência de remoção do cromo foi 13,48 % com uma voltagem de 1,4

V/cm no ensaio EK9, 10,16% com uma voltagem de 1,3 V/cm no ensaio EK10 e

7,66% com uma voltagem de 1,2 V/cm no ensaio EK11.

Aparentemente o comportamento da eficiência a respeito da voltagem é

linear, obedecendo a equação:

Eficiência = 5,82 Voltagem - 27,40

13,48

7,66

10,16

0

2

4

6

8

10

12

14

16

5,8 6 6,2 6,4 6,6 6,8 7 7,2

Voltagem (V)

Efi

cie

ncia

%

Figura 4.22 Eficiência da remoção de cromo nos ensaios EK9 , EK10 e EK11

As eficiências destes ensaios podem ser comparadas à eficiência obtida

por Weng (2001), que foi de 15,8% com ensaios em uma argila com Cr (III), de 7

dias de duração, com água da torneira como fluido eletrolítico e com uma

voltagem de 2,5 V/cm.

4.2.3.4

Fluxo eletro-osmótico e corrente

Devido ao alto teor de umidade no sedimento e ao fato de utilizar água

da Baía de Guanabara na solução eletrolítica, o valor da corrente que atravessa

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86

o sedimento se eleva rapidamente, conforme pode ser visto na figura 4.23. A

variação da corrente eletrocinética foi na ordem de miliamperes (mA), bem

superior aos resultados de ensaios eletrocinéticos em solos residuais relatados

por Mergulhão (2002), Monterroso (2002) e Sousa (2002), onde a corrente foi

na ordem de (µA).

No início do ensaio, ao ser aplicada a voltagem, a corrente medida no

circuito formado é menor, possivelmente devido ao tempo que leva a solução

dos eletrólitos em migrar através do sedimento e entrar em contato com os íons

deste. Por tratar-se de água da Baía de Guanabara como fluido eletrolítico, que

apresenta uma condutividade elevada, possivelmente a corrente mantém-se

constante por um maior tempo.

30

35

40

45

50

55

60

65

0 5 10 15 20 25 30

tempo (h)

Co

rren

te (

mA

)

EK 10 EK 11

Figura 4.23 Variação da corrente nos ensaios EK10 e EK11

O volume de fluido percolado através do sedimento foi de difícil medição

devido às bolhas que se formaram nos eletrólitos, pela geração de gases. Estes

gases são formados devido à eletrólise e dificultam a medição do volume do

fluido que atravessa o sedimento.

A variação do volume percolado nos ensaios onde a voltagem varia de 6

e 6,5 volts pode ser observada na figura 4.24.

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87

0

1

2

3

4

5

6

0 5 10 15 20 25 30

tempo (h)

Vol

ume

acum

ulad

o (m

L)

EK 10 EK 11

Figura 4.24 Variação do volume percolado nos ensaios EK 10 e EK11

Através da lei de Darcy, é determinado o coeficiente de permeabilidade

eletro-osmótico Ke, na figura 4.25. Pode-se observar que Ke não é constante

em relação ao tempo. Como Ke está em função da voltagem aplicada nos

ensaios, à medida que a voltagem aumenta, o coeficiente de permeabilidade

eletro-osmótica também aumenta.

0,0E+00

2,0E-07

4,0E-07

6,0E-07

8,0E-07

1,0E-06

1,2E-06

1,4E-06

1,6E-06

0 5 10 15 20 25 30

tempo (h)

Ke (

cm

2/V

*s)

EK 10 EK11

Figura 4.25 Coeficientes de permeabilidade eletro-osmótica x tempo nos ensaios EK10 e EK11

Mitchell (1993) apresenta valores para o coeficiente de permeabilidade

eletro-osmótica. Estes valores variam entre:

1,5 x10 -5 cm2/V*s para siltes argilosos

12 x 10 -5 cm2/ V*s para lama de bentonita sódica

5 x 10 -5 cm2/ V*s para a maioria das argilas

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88

Segundo Mitchell (1993), algumas propriedades como tipo de solo,

umidade inicial, e características do fluido eletro-osmótico, são determinantes

para o fluxo eletro-osmótico. O transporte será maior quanto menor seja a

atividade da argila, maior a umidade, menor a concentração de íons no fluido

eletrolítico e menor a capacidade de troca catiônica, pois assim terá maior

hidratação dos seus cátions.

Comparando os resultados mostrados na figura 4.25 com os resultados

de Ke nos ensaios realizados por Hamdan & Reddy (2008) em ensaios com

caulim e glacial till com valores que variam entre 2,2x10-4 a 7,4x10-4 cm2/V*s e

9,2x10-3 a 4,6 x104 cm2/V*s respectivamente, podemos apreciar que o Ke

obtido nos ensaios EK 10 e EK11 são menores.

Apesar de tratar-se de um sedimento com alto teor de umidade, as

condições como capacidade de troca catiônica e o fluido eletrolítico com alta

condutividade podem diminuir os coeficientes de permeabilidade eletro-

osmótica nos ensaios EK10 e EK11 que estão na ordem de 10-6 cm2/V*s,

valores mais baixos que os apresentados por Mitchell (1993) e por Hamdan &

Reddy (2008).

A eficiência eletro-osmótica correlaciona o volume percolado por

unidade de tempo com a corrente induzida (I),. Então quanto menor a vazão

(Q), maior eficiência eletro-osmótica (Ki).

Q

IKi =

Analisando os ensaios EK10 e EK11, observamos que no ensaio EK10 a

eficiência eletro-osmótica é maior, o que quer dizer que a vazão do fluido

eletrolítico foi menor que no EK 11. Comparando com a eficiência na remoção

de cromo dos dois ensaios, a remoção foi maior no EK 10 que no EK 11.

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89

0

0

0

0

0

0

0

0 5 10 15 20 25 30

tempo (h)

Ki

(cm

3/A

s)

EK 10 EK11

Figura 4.26 Coeficiente de eficiência eletro-osmótica x tempo nos ensaios EK10 e

EK11

4.2.4

Ensaios eletrocinéticos com voltagem constante e diferentes

tempos de duração

Estes ensaios foram realizados fixando a voltagem em 6 volts e com

diferentes tempos de duração

Tabela 4.12 Condições iniciais dos ensaios EK11 e EK12

Ensaio Voltagem

(V)

Duração

(h)

Concentração

inicial de

cromo no

sedimento

Umidade

sedimento

(%)

Valor

pH

sedimento

n

(%)

EK 11 6 24 122,61 mg/kg 151,62 8,03 78,58

EK 12 6 40 115,99 mg/kg 152,77 7,39 78,71

No EK 12 para evitar a quebra do papel filtro no lado do anodo como

aconteceu no EK 7 com um pH muito ácido, foi utilizada uma membrana filtrante

de 0,45 µ, de material mais resistente. Foi observado também que ao desligar a

fonte depois de concluído o ensaio, continua havendo passagem de corrente,

aproximadamente 2mA, através do solo.

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90

4.2.4.1

Variação do teor de umidade no sedimento.

Foi observado um teor de umidade mais alto na área do catodo no

ensaio EK12 após 40 horas de ensaio (figura 4.27).

153,7

185,9181,1

174,5176,0

205,7

176,4

152,8

120

130140

150160

170180

190200

210

antes da EK anodo centro catodo

w (

%)

EK11 EK12

Fluxo

Figura 4.27 Teor de umidade nos ensaios com voltagem constante e mudança de

tempo

Isto pode ter sido devido à neutralização dos íons H+, que migram em

direção ao catodos pelos OH- migram em direção ao anodo, ambos produto da

eletrólise, formando água e diluindo-se na solução.

4.2.4.2

pH

A migração de OH- em direção ao anodo ao transcorrer o tempo do

ensaio é maior, mesmo que a velocidade seja mais lenta que aquela do avanço

da frente ácida. O pH do sedimento aumenta nas proximidades do anodo e na

parte central, como está mostrado na figura 4.28.

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91

8,03

0,93

5,23

7,888,48

13,15

7,39

1,52 1,76

7,22

11,7312,38

0

2

4

6

8

10

12

14

Antes daek

eletrolitoanodo

anodo centro catodo eletrolitocatodo

pH

EK11 EK12

Fluxo

corpo de prova

Figura 4.28. Variação do pH nos ensaios com voltagem constante e mudança de

tempo

4.2.4.3

Cromo

Comparando as concentrações de cromo no sedimento antes e após da

eletrocinese nos ensaios com 6 Volts (1,2 V/cm), da figura 4.29, podemos ver

no EK12, onde o tempo de ensaio foi de 40 horas, que a concentração de

cromo perto do anodo é maior. Isto pode ter acontecido porque, segundo

Hamdan & Reddy (2008), em pH mais baixo o cromo VI fica absorvido no solo

argiloso ainda porque foi utilizada uma membrana filtrante de 0,45 µ que resistia

o pH baixo em um ensaio de mais de 24 horas.

123

111 109

118116

132

103 104

70

80

90

100

110

120

130

140

antes da EK anodo medio catodo

ek11 EK12 valor de prevenção

Figura 4.29 Concentração de cromo no sedimento antes e após a eletrocinese nos ensaios EK11 e EK12

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92

Tabela 4.13 Massa de cromo em cada fatia de sedimento antes e após o ensaio

Massa de cromo (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Sedimento após o

ensaio

Anodo 0,95 0,86

Centro 1,05 0,93

EK11

Catodo 1,27 1,22

Anodo 1,04 1,19 Centro 0,88 0,78

EK12

Catodo 0,96 0,86

Tabela 4.14 Massa de cromo no sedimento e nos eletrólitos dos ensaios EK11 e EK12.

MASSA DE CROMO (mg)

Ensaio Sedimento antes

do ensaio

Sedimento

após o ensaio

Eletrólito do

anodo

Eletrólito do

Catodo

EK11 3,27 3,01 < limite 0,001

Ek12 2,88 2,83 0,0300 0,0040

< limite: valor da concentração de cromo embaixo do limite de quantificação 0,15ppm.

A eficiência de remoção do cromo no ensaio EK 11 foi de 7,66, maior

que a eficiência obtida no ensaio EK 12, que foi 1,73, observando-se neste

último ensaio uma acumulação de cromo nas cercanias do anodo.

4.2.4.4

Migração da matéria orgânica.

O teor de matéria orgânica foi determinado através da coleta de porções

de amostras de solo seco em estufa por 24 horas a uma temperatura de 105°C

e depois levadas a um forno de alta temperatura (mufla) por 5 horas à 500ºC .

Obteve-se um comportamento semelhante dos valores de matéria

orgânica nos corpos de prova dos três ensaios de vinte e quatro horas (EK9,

EK10 e EK11) (figura 4.30). Nestes ensaios os teores de matéria orgânica

mostram-se maiores na região do anodo do que no catodo. A diferença de

valores de um ensaio para outro, possivelmente se deva ao fato que depois das

cápsulas terem sido retiradas da estufa a 100ºC , foram deixadas na

temperatura ambiente durante alguns dias antes de serem colocadas na mufla.

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93

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

anodo centro catodo

%M

até

ria o

rgân

ica

antes da EK9 após da EK9 antes da EK10

após EK10 antes EK11 após EK11

Figura 4.30 Matéria orgânica dos ensaios EK9 , EK10 e EK11

Já no ensaio EK 12 se teve o cuidado de retirar as cápsulas da estufa de

100ºC e colocá-las diretamente na mufla.

Paralelamente, foi determinado o teor de carbono orgânico da amostra

EK14 no laboratório de Estudos Marinhos do Departamento de Química na

PUC-Rio.

Utilizando o primeiro procedimento a partir da diferença de massas, se

quantifica a matéria orgânica somada à água de constituição do sedimento que

também é perdida a 500ºC. Por esta razão a porcentagem da matéria orgânica

é superior que o determinado pelo outro procedimento. A migração da matéria

orgânica, determinada por ambos procedimentos, ao longo do corpo de prova

após o processo eletrocinético , tem comportamentos diferentes (figura 4.31).

3,23

16,27

0

2

4

6

8

10

1 2 3

Teo

r d

e c

arb

on

o

org

ân

ico

0

5

10

15

20

Teo

r d

e m

até

ria o

rgân

ica

antes EK12 TOC apos EK12 TOC

antes EK12 m.m. após EK12 m.m

Figura 4.31. Teor de matéria orgânica no ensaio EK12 a partir da diferença de massas (mm) e teor de carbono orgânico (TOC)

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94

Na figura 4.31 pode-se observar uma elevada influência da água de

constituição no sedimento para determinação da matéria orgânica. Antes da

eletrocinese, obtivemos um valor de 16,27% de matéria orgânica determinado

pela diferença de massa na mufla e de 3,23% de teor de carbono orgânico.

O teor de matéria orgânica em base ao conteúdo de carbono orgânico

após a eletrocinese mostra uma migração em direção ao catodo, diminuindo na

região do anodo.

Durante a eletrocinese as características químicas do sedimento mudam

pelo movimento dos íons. Possivelmente por esta razão existiu maior água de

hidratação nas proximidades do anodo que no catodo, o que poderia ser a

causa para que a porcentagem de matéria orgânica obtida pela diferença de

massas após a eletrocinese seja maior na região do anodo e menor na região

do catodo.

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