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Prêmio de Mídia Estadão – 11 a Edição Monografia de Mídia Digital Leonardo Reis Longo WebTV televisão na internet São Paulo 2008

WebTV: Televisão na Internet

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Monografia finalista do Prêmio de Mídia Estadão 2008, na categoria Estudante: O crescimento do número de internautas brasileiros, a expansão da banda larga, e o avanço tecnológico do meio internet, criaram o cenário ideal para o desenvolvimento da WebTV, uma ferramenta que não tem o intuito de levar um programa a milhões de pessoas, mas sim um milhão de programas para cada pessoa.

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WebTVtelevisão na internet

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Prêmio de Mídia Estadão – 11a Edição

Monografia de Mídia Digital

Leonardo Reis Longo

WebTVtelevisão na internet

São Paulo2008

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WebTVtelevisão na internet

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Leonardo Reis Longo

WebTVtelevisão na internet

Monografia de Mídia Digital apresentado paraa 11a Edição do Prêmio de Mídia Estadão

Professor orientador: André Ursulino

São Paulo2008

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WebTVtelevisão na internet

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SinoPSE

O crescimento do número de internautas brasileiros, a expansão da banda larga,

e o avanço tecnológico do meio internet, criam o cenário ideal para o desenvolvimen-

to da WebTV, uma ferramenta que não tem o intuito de levar um programa a milhões

de pessoas, mas sim um milhão de programas para cada pessoa.

PorqUe AcreDito qUe o trAbAlho DevA Ser o venceDor?

Deve ser o vencedor por apresentar e contextualizar a WebTV no cenário

brasileiro, através de pesquisas, cases e pesquisas qualitativas. A WebTV é uma mídia

segmentada e rica em métricas, porém pouco conhecida por anunciantes e até mesmo

profissionais de mídia especializados no meio digital.

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WebTVtelevisão na internet

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Sumário Geral

1. introdução .............................................................................................................6

2. cenário da internet no brasil ...............................................................................7

2.1 - investimentos publicitários ..........................................................................7

2.2 - número de internautas no brasil ................................................................9

2.3 - internautas residenciais ativos ..................................................................10

2.4 - tempo médio de navegação ....................................................................... 11

2.5 - Participação da banda larga .................................................................... 11

2.6 - Participação da classe c ............................................................................13

2.7 - hábitos dos internautas .............................................................................13

3. o contexto da Web tv ........................................................................................15

4. iPTV .....................................................................................................................19

5. Web Vídeo ............................................................................................................21

6. A relevância da Web tv .....................................................................................23

7. o cenário da Webtv ..........................................................................................24

7.1 - o cenário da Webtv no mundo ................................................................24

7.2 - o cenário da Webtv no brasil..................................................................27

8. o usuário de WebTV ..........................................................................................29

9. Webtv e a tv tradicional.................................................................................30

10. Formatos comerciais .........................................................................................33

11. Métricas e análise de resultados .......................................................................35

12. considerações finais ..........................................................................................37

13. referências .........................................................................................................39

14. Pesquisas qualitativas .......................................................................................41

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Índice de GráficosG.1. investimentos em Mídia online no brasil ..................................................... 7

G.2. investimentos publicitários no brasil em 2007.............................................. 8

G.3. Faturamento bruto dos meios em relação a 2006 ......................................... 8

G.4. evolução anual e previsão do iAb brasil para 2008 .................................... 9

G.5. evolução anual de usuários residenciais ...................................................... 10

G.6. evolução mensal em visitantes únicos ...........................................................11

G.7. evolução do uso da banda larga ................................................................. 12

G.8. evolução do número de internautas da classe c ........................................ 13

G.9. Audiência de categorias ................................................................................. 14

G.10. número de usuários de internet que assistem programas

exibidos via Web tv no reino Unido ........................................................ 24

G.11. Momento de contato com os meios ............................................................. 30

Índice de Imagensi.1. resultado de busca de Web vídeo no Youtube ..............................................22

i.2. Joost, um software em fase de desenvolvimento .............................................26

i.3. o usuário de WebTV .........................................................................................29

i.4. Formato “vertical expacível” sincronizado com comercial de 30 segundos ..... 34

Índice de Tabelast.1. ranking de países por investimentos em online tv e vídeos ......................24

t.2. características dos anúncios em Webtv .......................................................33

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introdução

Em 1995, Nicholas Negroponte em seu livro A Vida Digital, apontou: “No mundo digital, o meio não é a mensagem: é uma das formas que ela assume. Uma mensagem pode apresentar vários formatos derivados dos mesmos dados”. Quase 13 anos depois, tal citação mantém-se atual e pertinente, conforme será apresentado no decorrer desta monografia.

Uma pesquisa da Accenture, publicada em abril de 2008, sobre o padrão de consumo de conteúdo na TV e em aparelhos alternativos, como o computador, indi-ca que os consumidores são mais fiéis aos programas que querem assistir do que aos canais de distribuição aos quais podem estar acostumados, abrindo oportunidade para adoção da distribuição de conteúdo através de múltiplas plataformas, criando não apenas novas maneiras de interação, mas também novas fontes de receita.

Chris Anderson, em seu livro A Cauda Longa, aponta que a grande vantagem do broadcast é sua capacidade de levar um programa a milhões de pessoas com eficiência sem igual, mas não é capaz de fazer o oposto – levar um milhão de pro-gramas para cada pessoa. O autor aponta que ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990, mesmo com o lançamento de novos canais, a televisão continuou a ser o gran-de fator de unificação dos Estados Unidos. Sendo que, todos os anos, a propaganda em TV atingia novas marcas de preços, à medida que as empresas pagavam cada vez mais por fragmentos do horário nobre.

No entanto, mesmo com as centenas de canais disponibilizados pela TV por assinatura, a programação está longe de ser algo ilimitado, pois a atual estrutura de canais favorece sobretudo uma programação bastante restrita, mas com profundidade suficiente para atender ao grande público, 24 horas por dia, sete dias por semana. O aumento da capacidade dos cabos durante a última década torna-se inexpressivo em comparação com o volume de conteúdo disponibilizado na Internet. Embora apare-lhos de DVR, como o TiVo (serviço que permite gravar, em formato digital, progra-mas de televisão), tenham ajudado a eliminar o problema da restrição de tempo da programação, tal tecnologia ainda está muito longe dos modelos de TV On Demand ofercidos na internet, pela qual se pode baixar qualquer programa jamais feito, a qualquer hora.

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cenário da internet no brasil

2.1 - investimentos publicitáriosNo ano de 2007 foram contabilizados R$ 527 milhões em investimentos em

mídia online no Brasil, um investimento 12,13% acima da previsão do Interactive

Advertising Bureau Brasil. O IAB estima, também, que até o final de 2008 os inves-

timentos no meio online cheguem a cerca de R$ 712 milhões, o que representa um

crescimento de cerca de 35% em relação ao ano anterior.

223.078265.650

361.000

527.000

712.000

2004 2005 2006 2007 2008

A internet recebeu 2,8% dos investimentos publicitários em 2007, in-

cluindo investimentos em sites de busca e links patrocinados, tornando-se

assim a mídia que mais cresceu em 2007. No consolidado do ano, o aumento

foi de 45,98%.

G.1. investimentos em Mídia online no brasilnúmeros em (000)

Fonte: Projeto intermeios – janeiro a dezembro & estimativa iAb brasil

2

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G.2. investimentos Publicitários no brasil em 2007números em (000)

Fonte: Projeto intermeios – janeiro a dezembro

G.3. Faturamento bruto dos meios em relação a 2006números em (000)

Fonte: Projeto intermeios – janeiro a dezembro & estimativa iAb brasil

TV Paga: 3,40%

Internet: 2,80%

Guias e Listas: 2,60%

Cinema: 0,40%

Rádio: 4%

Revista: 8,50%

Televisão: 59,20%

Jornal: 16,30%

Mídia Exterior: 2,80%

Mídia Exterior: -16,30%

TV Paga:20,60%

Internet: 45,80%

Guias e Listas: -13,30%

Cinema: 23,10%

Jornal: 15,20%

Rádio: 4%

Televisão: 8,70%Revista: 7,20%

Mí diaExterior

TV Paga Internet Guias eListas

Cinema Jornal Rádio Revista Televisão

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2.2 - número de internautas no brasil O crescimento dos investimentos está diretamente ligado ao desenvolvimento

do meio, uma vez que, de acordo com um estudo do Ibope/GNett, o número de inter-

nautas no Brasil cresceu 21% no ano de 2007, atingindo um número de aproximada-

mente 40 milhões de pessoas.

Projeções do Interactive Advertising Bureau Brasil estimam que, até dezembro

de 2008, a base de usuários chegará a 45 milhões, o que representa um crescimento

de 15% em relação ao ano de 2007.

19.67222.577

31.934 33.054 32.876

40.000

45.000

20062005200420032002 20082007

G.4. evolução anual e previsão do iAb brasil para 2008números em (000)

Fonte: iboPe/Gnett – base Dezembro 2007 & estimativa iAb brasilos dados acima incluem todos os locais de acesso (residencial, trabalho, escolas, cyber cafés,

etc), pessoas com 16 anos ou mais.

Tal crescimento se deu em advento de dois fatores do cenário brasileiro: o au-

mento da penetração da internet na Classe C e o aumento da venda de computadores.

Segundo o IDC Brasil, pela primeira vez foram comercializados mais computadores

do que televisores. Sendo que, em 2007, 10,7 milhões de unidades foram adquiridas,

enquanto as vendas de televisões ficaram em torno de 10 milhões.

De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, em uma

entrevista no dia 24 de abril de 2008, o número de brasileiros com acesso regular a

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internet deve quase triplicar até 2010. “Estimamos que até 2010 teremos 80% da po-

pulação brasileira acessando regularmente a internet de uma forma ou de outra. Essa

é uma meta global”, diz Rezende.

2.3 - internautas residenciais ativosSegundo o Ibope/NetRatings, em março de 2008, 22,7 milhões de visitantes

únicos1 acessaram a Internet de suas residências, um aumento de 40% se comparado

com março de 2007.

O IAB Brasil estima que em dezembro de 2008 serão 25 milhões de visitantes

únicos residenciais, o que representa um crescimento de 16% em relação a 2007, que

será impulsionado pelo aumento da venda de computadores e pela cobertura editorial

dos jogos Olímpicos de 2008.

10.85612.208

14.419

21.395

25.000

2004 2005 2006 2007 2008

G.5. evolução anual de usuários residenciaisnúmeros em (000)

Fonte: iboPe /netratings – base Dezembro 2007 & estimativa iAb brasilos dados acima só incluem acesso residencial

1 considera-se visitante único o indivíduo com um único endereço iP (número de identificação de cada computador) registra-do apenas uma vez no período analisado.

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22.043

22.742

21.10021.39320.100

19.88119.30218.52318.04717.933

14.068

16.257

15.868

14.034

jan/07

fev/07

mar/07

abr/0

7

mai/07

jun/07

jul/07

ago/0

7se

t/07

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7jan

/08fev

/08

mar/08

G.6. evolução mensal em visitantes Únicosnúmeros em (000)

Fonte: iboPe /netratings – base Março 2008os dados acima só incluem acesso residencial

2.4 - tempo médio de navegação O internauta residencial brasileiro é o que passa mais tempo conectado, con-

tabilizando 3 horas mais que os franceses, 4 horas mais que os americanos e 9 horas

mais que os italianos. Em março de 2008 foram registradas em média 23h51min, 1

hora e 27 minutos mais do que em fevereiro de 2008 e 2 horas e 56 minutos acima do

tempo de março de 2007.

2.5 - Participação da banda larga De acordo com o Ibope/NetRatings, em dezembro de 2007, 79% dos internau-

tas ativos residenciais acessaram a internet com conexão banda larga, número esse

que vem crescendo expressivamente ano a ano e o maior crescimento foi o registrado

em 2007. O IAB Brasil estima que até o final de 2008 cerca de 82% dos acessos serão

feitos em conexão banda larga, no qual é possível destacar o aumento da velocidade

média de conexão banda larga, sendo que hoje o serviço para residência está disponí-

vel nas opções de 1 MB até 8 MB.

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61,00%

74,00%78,80%

2005 2006 2007

G.7. evolução do uso da banda larganúmeros em (000)

Fonte: iboPe /netratings – base Dezembro 2007os dados acima só incluem acesso residencial

No entanto, um fator limitador é que algumas prestadoras de serviços de aces-

so em alta velocidade estão adotando medidas para punir quem utiliza suas redes em

excesso, limitando os downloads mensais e designando uma punição aos usuários que

abusam de sua conectividade.

Os planos dos serviços de banda larga por ADSL como Oi Velox, da Oi,

Speedy, da Telefônica, e Turbo, da Brasil Telecom, não têm franquia de consumo,

portanto o download é ilimitado. Já as operadoras a cabo TVA, que oferece o Ajato, e

NET, fornecedora do Virtua, impõem limites aos seus usuários. No entanto, segundo

o advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Luiz Fernando

Moncau, a prática de controle de consumo é legal. “Não existe problema desde que

ela seja informada no contrato”, explica Moncau.

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2.6 - Participação da classe c A classe C é a que mais cresce em participação no uso de internet. Segundo

a pesquisa Internet POP do IBOPE, em 2007 37% dos indivíduos que acessaram a

internet pertencem à Classe C e o IAB Brasil estima que em 2008 40% da base de

internautas será pertencente a essa classe social.

Segundo entrevista de abril de 2008, Alexandre Sanches Magalhães, gerente

de análise do Ibope/NetRatings, diz que “estamos vivendo um bom momento econô-

mico, com maior número de trabalhadores com carteira assinada, portanto com maior

possibilidade de obter financiamento para comprar computador para sua família, fi-

nanciamentos abundantes, computadores com preço em queda, banda larga com valo-

res mais acessíveis e, principalmente dois fatores ligados à família típica da classe C:

os pais acreditam que a internet dará uma vida melhor para seus filhos, por isso não

poupam esforços para obter o acesso residencial e os filhos querem ser iguais a seus

pares, ou seja, poder chegar na escola ou na rua e dizer que têm internet em casa”.

50,00%

37,00%

13,00%

AB C DE

47,00%

40,00%

13,00%

AB C DE

G.8. evolução do número de internautas da classe cFonte: 19ª edição da pesquisa internet PoP – base dezembro/2007

& estimativa iAb brasilos dados acima só incluem acesso residencial

2.7 - hábitos dos internautas O número de brasileiros que baixam músicas, filmes e seriados na internet em

casa chegou a 9,4 milhões durante março, com alcance de 41,4% de todos os inter-

nautas residenciais no país, segundo dados do Ibope/NetRatings, de abril de 2008. A

estatística mostra que, em um ano, o contingente de brasileiros que baixam conteúdo

da internet quase dobrou, saltando de 5 milhões de internautas em março de 2007

para 9,4 milhões em 2008.

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“Entre os homens de 12 a 17 anos, começa a crescer o uso de compartilhado-

res de arquivos, como o RapidShare. Ainda é um uso menos diversificado que o dos

jovens de 18 a 24 anos, que utilizam essas redes de troca de maneira mais variada e

sofisticada”, explica José Calazans, analista do Ibope Inteligência.

Ao se observar as preferências por categorias dos internautas brasileiros,

uma análise cruzada de desenvolvimento de categorias do Ibope/NetRatings, de

março de 2007 a março de 2008, prova que a audiência da categoria Vídeos cresce

mais que Comunidades e Instant Messengers, como pode ser visto no gráfico “Audi-

ência de categorias”. Tais estudos mostram que o acesso a vídeos na internet cresceu

72,96% no último ano.

10.282 10.156

11.09211.189

10.893

10.902

12.422

14.108 14.32414.692

14.920

15.74315.503

16.782 16.74616.541

17.312

9.678 9.805

10.639 10.79310.535 10.432

12.214 12.124

13.643 13.76914.157

14.88215.390

15.008

16.435 16.56416.223

16.928

5.3645.134

5.565 5.6885.488 5.625

6.523 6.682

7.8088.178 8.150

8.5488.856 8.885

9.850 9.767 9.725

10.466

5.000

7.000

9.000

11.000

13.000

15.000

17.000

19.000

set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08

18.221

17.710

11.282

G.9. Audiência de categoriasnúmeros em (000)

Fonte: ibope/netratings – Subcategorias Member communities, instantMessaging e Videos

os dados acima só incluem acesso residencial

O desenvolvimento da categoria Vídeos demonstra a relevância de tal ferramenta para

usuário. Porém é preciso analisar tal categoria de uma maneira mais aprofundada, co-

nhecendo suas características e funcionalidades, para entender os pontos de maturação

no meio e os que apresentam maior potencial de crescimento, como é o caso da WebTV.

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o contexto da Web tv

No livro A Cauda Longa, Chris Anderson defende a teoria de que os custos de

atingir mercados de nicho estão caindo drasticamente, graças a uma combinação

de forças, como distribuição digital, poderosas tecnologias de busca e massa crí-

tica na difusão da banda larga, fazendo com que, em muitos mercados, agora seja

possível oferecer maior variedade de produtos. A teoria do livro prova que todos

esses nichos em conjunto podem constituir um mercado tão grande quanto o dos

mercados de massa, se não maior.

Tudo isso foi previsto há décadas, mas está se concretizando atualmente

no mercado brasileiro, devido o nível de desenvolvimento atingido pelo cenário

atual da internet no país.

Quando se oferece a um telespectador um milhão de programas, é possível que

ele acabe não vendo televisão durante mais tempo, mas sim assistindo a programas

diferentes, com uma maior afinidade e mais adequados à suas preferências pessoais.

Se a casa não tiver um DVR e se alguém não passar boa parte de seu tempo

livre vasculhando listas para programar as gravações, quase a totalidade dessas trans-

missões se perderá. E quando não se vê um programa de televisão, dificilmente se

tem outra oportunidade. Apenas uma minúscula proporção dos programas pertence a

uma rede de emissoras e somente uma parcela ainda menor chega aos DVDs.

Chris Anderson ressalta que a quantidade de programas oferecidos, assim

como sua distribuição abundante e barata significa variedade farta, acessível e ilimita-

da. Com isso, o público tende a distribuir-se de maneira tão dispersa quanto as esco-

lhas, fragmentando as audiências não apenas dos meios de comunicação, mas tam-

bém dos veículos de comunicação de maneira geral. Um dos motivos desse fenômeno

é que, quando as pessoas deslocam sua atenção para os veículos online, elas não só

migram de um meio para o outro, mas também se dispersam entre inúmeras ofertas.

A internet permite os recursos mais avançados de segmentação, seja ela geo-

3

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WebTVtelevisão na internet

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gráfica, demográfica, psicográfica ou até mesmo comportamental, em função de fer-

ramentas como as de behavioral target. De acordo com Elcio Santos, Sales Manager

da Unica Interactive Marketing Solutions, o behavioral target, ou target comporta-

mental, é a publicação de anúncios display ou textos em sites, através de ferramentas

de AdServer, que permitem selecionar e publicar anúncios relevantes aos usuários,

através da análise de dados comportamentais já coletados.

Vin Crosbie, analista de mídia americano, aponta que “As pessoas não muda-

ram; as populações sempre foram fragmentadas. O que está mudando são seus hábi-

tos de uso dos meios de comunicação. Agora, estão simplesmente atendendo a seus

interesses fragmentados.”.

No caso específico de televisão convencional no Brasil, prioritariamente a TV

aberta, grande parte do conteúdo exibido é produzido pelas próprias emissoras, salvo

filmes, séries e eventos em geral, como futebol e shows. Nos casos onde o conteúdo

é produzido pelas emissoras, como por exemplo as novelas, as redes são proprietárias

do conteúdo e isso significa que os arquivos são delas, para serem explorados à von-

tade, criando-se uma oportunidade para a WebTV, visto que as redes não exploram

todo o potencial destes conteúdos.

Porém, os direitos autorais formam um grande emaranhado, que fica ainda

mais complexo em consequência dos acordos exclusivos de distribuição regional

(que conflitam com a natureza global na internet) e em virtude de outras formas de

associação. Uma novela brasileira “vendida” para Portugal, por exemplo, rende no-

vos dividendos e novas negociações para os envolvidos. O que tem sido feito, ainda

de maneira muito incipiente, é a restrição de acesso à conteúdo segmentado por IP

de origem. Por exemplo, não deve-se permitir que um internauta, da Europa, tenha

acessso a conteúdos do site Globo.com, pois fere negociações de direitos de transmis-

são, visto que a Globo só tem direito de exibir estes conteúdos no Brasil.

O formato dos programas de televisão é outro fator que possui uma limitação

imposta pela programação das grandes redes, pois programas de diversões e notícias se

apresentam com todos os tipos de durações, desde clips de trinta segundos a concertos

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de três horas; não existe qualquer vantagem nos trinta minutos da televisão. Chris An-

derson aponta que como várias outras convenções que hoje aceitamos como escolhas

culturais, a programação rígida de produzir vídeos em múltiplos de trinta minutos é, na

realidade, consequência das ineficiências de distribuição do meio televisão.

Há duas formas básicas de se assistir conteúdo de vídeo por meio da internet

que são através da tecnologia de streaming video ou do processo de download de ar-

quivos de vídeo. Porém a resolução utilizada na grande maioria dos sites ainda é a de

320×240, resolução essa que fica aquém da televisão tradicional.

Streaming video ocorre quando o vídeo é reproduzido durante o processo de

carga do arquivo de vídeo para a memória temporária do computador, processo esse

chamado de buffering. Este método é utilizado quando se necessita transmitir conteú-

do ao vivo, onde os servidores enviam o conteúdo do vídeo já digitalizado e codifica-

do para a máquina do usuário. A outra utilização é o chamado vídeo On Demand, que

é a forma mais comum de disponibilidade de conteúdo na internet, onde o usuário

acessa um vídeo na hora que desejar.

No processo de download é necessário que o usuário baixe o arquivo de vídeo

e posteriormente faça a reprodução através do Player de vídeo de sua preferência,

daquele conteúdo baixado.

É possível assistir televisão no computador, visto que no PC do tipo desktop

basta adquirir uma placa com sintonizador de TV analógica para recepção em padrão

PAL-M (brasileiro). Com uma placa de sintonia, é só instalar o programa que acom-

panha a placa e você terá os canais abertos disponíveis em seu computador. A maioria

destas placas possuem suporte para TV a cabo analógica, permitindo que também

sejam acessados os canais pagos da TV por assinatura, mas somente na modalidade

analógica. Vale ressaltar a possibilidade de gravar conteúdos em formato de arquivos.

Com a chegada da TV Digital no Brasil, já estão disponíveis receptores es-

pecíficos para PC, compatíveis com o novo padrão, visto que muitos destes recepto-

res são construídos com porta USB, permitindo que todos os tipos de computadores

atuais possam utilizar este dispositivo.

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WebTVtelevisão na internet

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Já a Web TV ou Online TV, é a conversão do conteúdo da televisão para o

meio online, onde o sinal da televisão passa a ser recebido via internet. Desta forma

é possível que o telespectador que está acostumado apenas a assistir o conteúdo tras-

mitido, possa interagir, dando sua opinião, votando, efetuando compras, procurando

informações mais detalhadas sobre um determinado assunto.

O aumento na velocidade média das conexões a internet em banda larga, a

oferta de monitores widescreen e uma invasão de conteúdos relevantes aos usuários

sustentam a expansão da WebTV, sendo que esta ferramenta será uma forte tendência

do meio online nos próximos anos, impulsionado sobretudo pelas possibilidades de

negócio. Isso ocorre pelo fato do internauta poder adquirir um produto que está sendo

mostrado em uma cena da WebTV.

Antes de detalhar a WebTV é necessário um conhecimento prévio de duas

outras ferramentas que podem gerar confusão: a IPTV e o Web Vídeo.

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iPTV

De acordo com a definição do site de tecnologia IDG Now!, a TV via protocolo

de internet (Internet Protocol Television) significa utilizar a infra-estrutura de internet

voltada ao acesso em banda larga a internet para trafegar pacotes de vídeo.

Porém, a definição não vale para serviços de transmissão de vídeo como o

YouTube ou os canais de vídeo de portais e emissoras de TV na internet, a WebTV.

Isso proque, alguns elementos diferenciam o que se define como IPTV dos serviços

de streaming na web.

A primeira diferença é a forma como o conteúdo chega ao usuário, uma vez

que, no IPTV o usuário recebe o conteúdo no aparelho de TV, por meio de um con-

versor, da mesma forma que receberia o sinal em um serviço por assinatura conven-

cional, via cabo ou satélite, e não pelo computador.

Outro ponto é que os prestadores de serviços de IPTV oferecem transmissão

sem interrupção e com imagem de qualidade igual ou melhor a que chega na televisão

convencional pela transmissão paga. Já os vídeos na internet, muitas vezes, trazem

imagens em baixa resolução, pixelizadas e interrompidas por falhas na transmissão

ou banda insuficiente.

Outro fator importante de diferenciação é que a rede de distribuição do con-

teúdo do IPTV é fechada, se assemelhando a uma intranet corporativa. Já a WebTV é

transmitida via internet, uma rede de acesso livre.

Segundo dados do DSL Forum, o número de assinantes de serviços de IPTV no mun-

do superou os 8 milhões em junho de 2007, crescendo 179% em um período de 12 meses.

Porém, no Brasil, há entraves legais para que as operadoras possam

assumir esse papel, pois a “Lei do Cabo”, que rege a atuação das empresas de

TV paga, proíbe que as teles atuem como provedoras de serviços de transmissão

de TV similares aos serviços por assinatura oferecidos por cabo ou satélite nas

suas áreas de concessão de telefonia fixa.

4

Page 20: WebTV: Televisão na Internet

WebTVtelevisão na internet

20

Ou seja, a Telefônica - que já oferece IPTV na Espanha e no Chile -, por

exemplo, não pode prestar serviços de broadcasting de IPTV em São Paulo, onde atua

como prestadora de serviços de telefonia fixa.

É possível assistir IPTV por um receptor set-top box conectado a televisão,

semelhante ao aparelho da televisão a cabo, ou acessar de qualquer computador com

qualidade de imagem e som superior ao DVD. Porém, é importante ressaltar que para

se ter um serviço de IPTV de alta qualidade, nível Brodcasting, é necessário uma ban-

da larga de pelo menos 4 megas, totalmente exclusivos para o serviço.

Page 21: WebTV: Televisão na Internet

WebTVtelevisão na internet

21

Web Vídeo

Há uma dificuldade em diferenciar a Web TV do Web vídeo, pois a primeira uti-

liza-se das propriedades da segunda para a transmissão de seu conteúdo no meio online.

Porém, os Web vídeos, de maneira geral, são conteúdos criados pelo próprio usuário de

internet e por isso há um baixo controle sobre o conteúdo publicado nas mais diversas

plataformas de armazenamento e publicação de vídeos.

Sites de plataformas de armazenamento, como o YouTube, estão levando o

vídeo por demanda a um outro nível. A maioria dos vídeos é de conteúdo livre e acesso

instantâneo, mas boa parte consiste em vídeos caseiros, comerciais ou vídeos virais de

que são assistidos conforme sua relevância e repercursão no período. Um exemplo de

Web Vídeo é o premiado vídeo viral de Dove, Evolution, ganhador do primeiro Grand

Prix de Viral e também do Grand Prix de filme no ano de 2007 em Cannes, vídeo este

que foi para a TV somente após o estrondoso sucesso feito na internet.

Números divulgados em 14 de abril, nos EUA, pela Hitwise indicam que o You-

Tube tem 73,18% de share no segmento de vídeo online. Vale ressaltar, que essa domi-

nância de mercado é maior do que a do próprio Google no segmento de buscas online,

pois o maior share que o Google já teve foi registrado em março de 2008, com 67% de

todas as buscas realizadas no mês. Porém os dados da pesquisadora referem apenas o

universo de usuários americanos. Já no cenário brasileiro essas estatistícas se agravam

visto que uma pesquisa da comScore Video Metrix, de maio de 2007, mostra que 82%

dos usuários que navegam em sites de vídeo navegam no YouTube.

Um dos problemas encontrado nos vídeos online é a respeito da qualidade técnica na

produção e execução dos vídeos. No entanto, tal questionamento não é específico ao serviço

do YouTube, já que outros sistemas de streaming de vídeos possuem o mesmo problema.

O problema da execução ocorre, também, nas WebTV, porém em menor

intensidade. Isso ocorre não se sabe se por sobrecarga do sistema ou por algum bug

desconhecido, onde o vídeo trava durante a execução e não carrega mais, além de

5

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WebTVtelevisão na internet

22

outros tipos de problemas bastante peculiares que podem ocorrer na execução ou no

carregamento do vídeo.

A expansão da banda larga tende a minimizar esses entraves, evitando situações

como quando o carregamento do vídeo é mais lento que a execução, onde além do ví-

deo parar constantemente, a chance dos erros aparecerem são maiores.

Outro problema encontrado pelos vídeos é o tamanho, que em casos como o

YouTube acabam restrigindo a exibição em 10 minutos de duração. Essas reduções

ocorrem em função do envio de episódios completos de séries da televisão e material

com copyright enviados pelos usuários. Porém, a disponibilização de vídeos de progra-

mas de televisão via WebTV não representa o fim dos vídeos feitos pelos usuários.

Isso porque, a proliferação de sites de relacionamento está intimamente ligada

ao crescimento dos vídeos pessoais nas páginas de perfil dos usuários. E, em alguns

casos, a produção caseira pode ser comparada a um vídeo profissional, como é o caso

de muitos mega-hits do YouTube.

i.1. resultado de busca de Web vídeos no site Youtube

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WebTVtelevisão na internet

23

A relevância da Web tv

Um estudo do Pew Internet & American Life Project, realizado em julho de

2007 e publicado na revista Meio Digital de março de 2008, indica que mais de 57%

dos internautas americanos baixam e assistem a vídeos online, mas não estão dando

preferência para os vídeos amadores. O estudo mostra que os vídeos de notícias são

os campeões de audiência, seguidos por esquetes humorísticos e programas de TV.

Uma outra pesquisa, feita pela Burst Media (uma rede de anúncios online

focada no mercado de vídeo), confirma essa preferência dos usuários por notícias,

incluindo trailers de filmes, esquetes cômicos, videoclipes e programas de TV como

as principais categorias assistidas.

Um reflexo de tais pesquisas são os programas desenvolvidos especificamente

para internet criados pelos estúdios. De acordo com a revista Meio Digital, nos úl-

timos dois anos, as empresas vêm concentrando talentos e investimentos para criar

produções exclusivas, incluindo cenas de bastidores e extras, como em um DVD,

sendo que a greve do sindicato dos roteristas dos EUA, que começou em novembro

de 2007, serviu para alimentar ainda mais essa tendência, no momento em que as

TVs estão cheias de reprises.

Além disso, as redes de TV descobriram na internet uma extensão essencial

de seus programas de sucesso, fazendo com que episódios de Lost e Heroes sejam

disponibilizados pelas redes com boa qualidade de imagem, possibilitando que sites,

como o Terra, ofereçam tais séries como produtos a serem explorados em seus proje-

tos comerciais.

6

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WebTVtelevisão na internet

24

o cenário da Webtv

7.1 - o cenário da Webtv no mundoDe acordo com uma pesquisa do eMarketer, de Janeiro de 2008, analisando o

cenário mundial de Online TV, os Estados Unidos possuem o maior investimento des-

tinado a Online TV e Vídeos, porém há uma projeção de que companhias de televisão

no Reino Unido investirão $364 milhões em 2009, um aumento de quase nove vezes o

valor do ano de 2006, mostrando a potencialidade do meio em outros países.

t.1. ranking de países por investimentos em online tv e vídeosnúmeros em (000)

Fonte: informa telecoms & Media “online tv and vídeo: beyond user-generated content”, citado

em comunicado para imprensa em 29 de Janeiro de 2007

G.10. número de usuários de internet que assistem programas exibidos via Web tv no reino Unidonúmeros em (000)

Fonte: Pesquisa “2007 internet & convergence report”, citada pela rapid tv news emoutubro de 2007

Um reflexo de tal pesquisa é o número de usuários de Internet que assistem pro-

gramas exibidos via Web TV no Reino Unido, que em 2007 quase dobrou, se compa-

rado ao ano de 2006, com 2.4 milhões e 1.3 milhões de downloads respectivamente.

$538

$42

$24

$9

$10

$2.010

$364

$155

$77

$68

$3.941

$708

$510

$254

$238

2006 2009 2012

1. EUA

2. Reino Unido

3. Japão

4. Alemanha

5. França

Number of TV Shows Internet Users in the UK Have Downloaded from the Internet, 2006 & 2007 (milions)

2.42007

2006 1.3

Source: Continental Research, “2007 Internet & Convergence Report” ascited byRapid TV News, October 2007

www.eMarketer.com

7

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WebTVtelevisão na internet

25

No Brasil, estima-se que, em 2011, o rendimento gerado pela publicidade em

WebTV será de dez bilhões de dólares, segundo estudo da consultoria Understanding

& Solutions de agosto de 2007, número este que equivaleria a 18% do total de anún-

cios na web no ano citado.

A pesquisa da U&S mostra que, em 2006, o rendimento com Web TV ficou em

400 milhões de dólares, enquanto o total de publicidade online ficou em 25 bilhões

de dólares e diz ainda que o meio terá o maior destaque na categoria de vídeos na

rede que, segundo a pesquisa, dobram anualmente, sendo que, atualmente, 20 bilhões

de vídeos são inclusos na web por mês.

Atualmente, produtores e redes de TV estão transferindo seu conteúdo para a

web, junto a softwares de TV On Demand como Joost e outros softwarers. Alguns

serviços dos Estados Unidos, como o iTunes, Veoh.com e Amazon Unbox já ofere-

cem programas de TV, em pacotes pagos. Porém, para cada Amazon Unbox há dez

ou mais sites que oferecem a transmissão ou download de conteúdo gratuitamente.

O Joost pretende ser uma versão televisiva do Skype (software que permite comu-

nicação grátis pela internet através de conexões sobre IP) e possui pouco conteúdo licen-

ciado, como programas Comedy Central e alguns filmes da Paramount Pictures, além de

vários vídeos de usuários, como YouTube. Já o Hulu é uma parceria entre a NBC Uni-

versal e News Corp, que ainda está em estágio beta, possibilitando acesso limitado, mas

promete transmitir episódios completos como no novo serviço NBC Direct.

Outro player do cenário mundial é o TV Freeload, que não é exatamente um

site de transmissão ou um distribuidor torrent, mas sim um site que indica links que

permitem o download de programas de televisão. Os servidores geralmente são de

serviços de hospedagem legítimos, como MegaUpload.com e FileFactory.com, que

têm políticas sobre infração de direitos autorais. O FileFactory.com, por exemplo,

possui um link onde o usuário pode denunciar uma violação ao DMCA, mas um re-

presentante do site afirma que não há como procurar e controlar conteúdo protegido.

Há, também o Graboid e o TVU, que trabalham como estações de TV indepen-

dentes que retransmitem programas, sem hospedar conteúdo. Ainda assim, segundo

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WebTVtelevisão na internet

26

Will Roger, diretor de políticas públicas na Computer & Communications Industry

Association (CCIA), qualquer retransmissão de programa requer um acordo de licen-

ciamento. “Não é legal enviar uma programação ao público na internet que não tenha

sido licenciada para tal”.

Por último, mas não menos importante, o Adobe Media Player une programas

e vídeos selecionados de milhares de sites da internet. O serviço é gratuito e segue

as regras estipuladas pelos proprietários de conteúdo para transmissão e download,

sendo que a maneira com que seu tocador opera é muito parecida com o TiVo, que

permite download do conteúdo para assisti-lo sem estar na internet, em um formato

parecido dom o iTunes da Apple.

No Brasil, além do canal da Trama dentro do Joost, os internautas podem ver

alguns canais e programas ao vivo pela TerraTV e alguns trechos de programação da

TV Globo pelo site Globo.com.

i.2. Joost, um software em fase de desenvolvimento

Page 27: WebTV: Televisão na Internet

WebTVtelevisão na internet

27

7.2 - o cenário da Webtv no brasil

No Brasil, a AllTV (www.alltv.com.br), a primeira emissora feita para a in-

ternet, está no ar desde de abril de 2006, porém a programação ainda é limitada, os

apresentadores são jovens, desconhecidos, e até mesmo inexperientes.

No entanto, o desenvolvimento da WebTV no Brasil deve-se prioritariamente

aos investimentos realizados pelos grandes portais do meio online, que estão aper-

feiçoando suas plataformas de WebTV para manter os usuários cada vez mais tempo

dentro de seus sites.

O conteúdo é disponibilizado de duas maneiras, o formato 24 horas e o On

Demand, sendo o 24 horas igual a TV convencional, com uma grade de programação

variada, com os principais conteúdos de diversas categorias.

Já o formato On Demand, o espectador seleciona o vídeo que quer assistir no

momento em que quiser, também sendo possível criar a própria grade de programa-

ção, selecionar os vídeos mais assistidos os mais recentes, por gênero ou categoria

Após reformular seu canal de vídeos, o até então TV Terra, o portal Terra criou

em seu site uma das maiores plataformas de internet TV da América Latina, que de

acordo com dados do StatsWeb, de janeiro de 2008, já contava com 4 milhões de es-

pectadores.

Relatórios do MIB Terra, mostram também que, em janeiro de 2008, já haviam

mais de 25 milhões de vídeos vistos, contabilizando um total de 200 mil horas em

vídeos vistos.

Tais estátisticas devem-se a quantidade de programas renomeados oferecidos

pelo site, que disponibiliza algumas das séries mais assistidas no mundo (como Lost),

notícias nacionais e internacionais (CNN, Reuters, Band News), filmes, jogos de fute-

bol, além de uma extensa programação infantil.

A Microsoft, também, está investindo pesadamente na difusão do MSN Vídeo

como ferramenta de criação e exibição de vídeos online. A companhia estabeleceu o

vídeo como uma das prioridades do Portal MSN.

“As novidades no MSN Vídeo oferecem uma experiência única aos internau-

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WebTVtelevisão na internet

28

tas, fazendo com que as pessoas possam postar e compartilhar os vídeos no mesmo

ambiente onde já assistem ao conteúdo editorial de diversos programas, porém em

abas separadas”, comenta Andrea Fornes, produtora executiva do portal MSN.

Com o objetivo de oferecer conteúdo editorial e multimídia de alta qualidade, a

Microsoft mantém parceria com diversas empresas, dentre elas Stupid Vídeos, Lan-

ceNet, New York Times, Reuters e BBC, onde os vídeos com conteúdo em inglês são

exibidos com tradução em português.

O MSN Vídeo estreou com a transimissão exclusiva do Live Earth, em julho

de 2007, considerado o maior evento online da história. Com isso, o site superou 180

milhões de page views mundialmente e atingiu mais de 8 milhões de pessoas. O show

do Reino Unido, no Estádio de Wembley, foi o mais assistido ao vivo, e o pico de

expectadores simultâneos foi de 237 mil durante o show de fechamento, da Madonna.

O Brasil e a França foram os países com maior audiência de transmissão do evento.

Há também projetos independentes, como o do empresário Antonio Ermírio

de Moraes Filho que, também, resolveu apostar em WebTV e anunciou, em abril de

2008, que vai focar seu projeto essencialmente em corridas automobilísticas. A

Race TV como foi batizada, vai receber um investimento de R$ 5 milhões neste

ano e pode ser acessado, gratuitamente, apenas pela Internet ou celular. “Vamos

dar atenção a diversos tipos de corrida que, atualmente, não têm espaço na TV”,

diz Antonio Ermírio.

Com os acordos em fase de negociação, Antonio Erminio adianta que a princi-

pal fonte de receita virá da publicidade. Os diretores envolvidos no projeto apostam

no fato de o espaço publicitário na Internet ser mais barato que na TV. “Vendemos es-

paços como uma TV convencional, mas temos também a possibilidade fazer a marca

do anunciante interagir no momento de sua exibição com o telespectador e possibili-

tar a venda no mesmo momento.”, diz Otávio Rittl, contato comercial do site.

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WebTVtelevisão na internet

29

o usuário de WebTV

Um estudo do Ibope/NetRatings, de janeiro de 2008, realizado pela equipe de

pesquisa do Terra, apresentou que mais de 70% dos usuários de WebTV são do sexo

masculino e aproximadamente 70% do público analisado possui de 18 a 24 anos.

Os usuários de WebTV podem ser divididos em early adopters e future sha-

pers. De acordo com a empresa TNS - Taylor Nelson Sofres, líder mundial no seg-

mento de Pesquisas Ad Hoc, os early adopters são pessoas que adotam comporta-

mentos ou produtos antes das outras. Porém, apesar do pioneirismo, os early adopters

abandonam as novidades com a mesma rapidez com que as adotam. Quando o con-

sumidor adquire um novo produto ou serviço, rapidamente ele também se mostrava

disposto a trocá-lo por outro mais moderno que aparecesse, não havendo tempo para

que pudesse influenciar outras pessoas e contar sobre sua boa experiência com aquilo.

Já os future shapers, se diferenciam dos early adopters por falarem bem daqui-

lo que consomem. O perfil deste consumidor revela uma pessoa que valoriza a auten-

ticidade e a originalidade dos produtos, é bem informada e um pouco mais individua-

lista por não seguir a moda, mas sim criar tendências. Eles têm pouca disponibilidade

de tempo e são socialmente responsáveis.

i.3. o usuário de WebTV

8

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WebTVtelevisão na internet

30

Webtv e a tv tradicional

De acordo com o estudo “O consumidor multimídia: uma tendência contem-porânea”, apresentado pelo Ibope em Abril de 2008, a TV vem crescendo de forma estável em todas as classes sociais. Especificamente nas classes AB verifica-se uma tímida diminuição no tempo médio na frente da TV. Ainda assim, a TV continua sendo o meio de maior credibilidade entre todas as classes sociais (média de 3,86, em uma escala de 1 a 5, sendo 1 discorda e 5 concorda). Já a internet, apesar de ser o meio de comunicação que obteve as maiores taxas de crescimento e penetração no decorrer dos últimos anos, quando avaliada em relação a sua credibilidade, aparece como a ferramenta menos confiável do país, com média 2,73.

Uma pesquisa da Accenture sobre o consumidor global de programação de televisão (a Global Broadcast Consumer Survey), de abril de 2008, ressalta que embora a TV seja o meio dominante, com 97% de penetração, há tendências que apontam para mudança de comportamento para longe do tradicional e do consu-mo de conteúdo linear.

Com o gráfico “Momento de contato com os meios” é possível visualizar que o momento de contato com o meio Internet é quase constante se comparado aos outros meios, neutralizando o consolidado horário nobre criado no meio televisão.

0%06h às 09h 09h às 12h 12h às 15h 15h às 18h 18h às 20h 20h às 22h 22h às 00h 00h às 02h 02h às 06h

Internet

Jornal

Revista

Rádio

TV

Média 11%

G.11. Momento de contato com os meiosFonte: target Group index – Ano 7 – jul/05 a jul/06 – consolidado – 16.768 entrevistas

9

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31

Ainda de acordo com a pesquisa da Accenture, os consumidores já têm noção daquilo que gostam de assistir em determinados aparelhos, revelando que 27% gosta-riam de ver um episódio completo de uma série de TV em seus computadores e 26% gostariam de assistir novos conteúdos em um meio que não fosse a TV convencional. É apresentado, também, que o consumidor diferencia o que gosta de ver ao vivo e o que prefere assistir on demand, sendo que 46% gostam de ver esportes e noticias ao vivo, enquanto que 23% preferem assistir ficção On Demand.

A pesquisa diz ainda que a idade se tornou o indicador principal dessas novas preferências do publico - os que tem menos de 35 sinalizam melhor as mudanças e o futuro do consumo de conteúdo. “Os jovens estão hoje mais insatisfeitos com a expe-riência da TV tradicional e crescentemente mais entusiasmados com a disponibilidade de novas opções”.

A pesquisa da Accenture, mostrou que os comerciais são o que os telespecta-dores menos gostam na programação ao vivo da TV, uma vez que dentre os pesquisa-dos, 64% apontaram o anúncio como o maior problema da TV convencional.

Outros inconvenientes citados foram não poder voltar a programação, apontado por 40% dos entrevistados, e não poder assistir aos programa de acordo com sua con-veniência, fator apontado por 38%. Problemas como programação desinteressante, não poder ver o programa fora de casa e falta de interação com o meio foram os itens menos citados.

No geral, o estudo mostrou que 87% dos entrevistados se mostraram descon-tentes com a TV ao vivo.

Já a pesquisa TV and Technology, da Association of National Advertisers e Forrester Rese, aponta que 62% dos anunciantes americanos entrevistados, acreditam que os comerciais tradicionais de TV se tornaram menos eficientes e metade deles já experimentou outro formato publicitário envolvendo DVRs ou vídeo On Demand, onde o espectador seleciona o vídeo que quer assistir no momento em que quiser.

O estudo, realizado a cada 2 anos, indica que 65% dos anunciantes estão ansio-sos para testar publicidade em programas de TV Online e 45% gostariam de experi-mentar a TV interativa. Dos entrevistados, 55% estão interessados em inserir publici-dade em vídeo On demand.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Millward Brown Optimor nos

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32

Estados Unidos, em março de 2007, os comerciais veículados na Internet possuem maior impacto do que veículação dos mesmos na televisão convencional. O estudo mostrou que, comparado com comerciais de televisão tradicional, os comerciais veí-culados na Web tendem aumentar a atenção do usuário em 53%, a percepção da mar-ca (awareness) em 52% e consideração em 27%. A lembrança do anúncio da marca foi quatro vezes maior para os usuários de internet. Transmissões online reteram 68% de sua audiência durante o intervalo, comparado com 59% da televisão.

Uma pesquisa realizada pela Thinkbox e pelo Internet Advertising Bureau, de abril de 2008, indica que consumidores que viram comerciais na TV e na in-ternet têm mais chance de comprar um produto do que os que viram em apenas um dos dois meios. Entre os pesquisados que assistiram os filmes em um único meio, a inclinação para compra foi de 40% e entre os que viram na TV e na web, o indice subiu para 61%.

Porém, mesmo que tenham seus resultados intensificados ao serem utilizados de maneira integrada, os anúncios da WebTV possuem uma variedade de formatos comerciais, que tendem a fugir dos habitual vídeo de 30” na tela do vídeo e propor-cionam uma maior experiência de marca para o consumidor.

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WebTVtelevisão na internet

33

Formatos comerciais

O Interactive Advertising Bureau disponibilizou uma tabela com as característi-

cas das atuais possibilidades de anúncios em páginas de vídeo na internet:

Uma das oportunidades oferecidas pelo meio internet, tanto aos profissio-

nais de mídia, quanto aos da área de criação, é a variedade de formatos publici-

tários que podem ser utilizados sem interromper o conteúdo transmitido, ou até

mesmo de maneira sinérgica, possibilitando que o usuário esteja em constante

contato com a marca do anunciante durante a transmissão. O Terra TV, por exem-

plo, possui um banner vertical situado a esquerda do vídeo, que interage de ma-

neira sincronizada com o comercial.

Os custos variam significativamente não apenas de formato para formato, mas

também de acordo com sua posição no conteúdo do site.

O Terra, por exemplo possui uma diferenciação de valores de acordo com o

t.2. características dos anúncios em WebtvFonte: interactive Advertising bureau (iAb), “iAb Platform Status report: A Digital vídeo

Advertising overview”, Janeiro de 2008

Experiência do consumidor

Posição do anúncio

Formatos de anúnciosadicionais

No conteúdo do video

Anúncio aparece noconteúdo do video porum período de tempo,semelhante a TVtradicional

Antes, durante oudepois do conteúdo devídeo

Texto, banners, Richmedia, customizaçãoao redor do reprodutordo video

No reprodutor dovídeo

Anúncio aparece demaneira paralela aovídeo, com o usuário vendo o conteúdosimultâneamente

During, over or withinvideo content

Texto, banners, Richmedia, customizaçãoao redor do reprodutordo video

10

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WebTVtelevisão na internet

34

gênero do programa e a categoria em que tal se situa, sendo que o anunciante pode

patrocinar uma categoria e toda sua programação, ou no caso das séries há o patrocí-

nio por programa (por série).

Porém, com a dinamicidade do meio, não apenas os formatos disponíveis, mas

também sua forma de comercialização tendem a mudar de maneira acelerada com a

consolidação da ferramenta como mídia.

De acordo com Marcelo Prais, diretor de Interatividade da JWT Brasil, a dinâ-

mica de mídia de performance do Google, utilizada em sua ferramenta de links patro-

cinados, já surte reflexos na WebTV, possibilitando que os anunciantes paguem por

visualizações de vídeo. Ao se pagar exatamente o que foi consumido pelo usuário,

crescerá o return on invesiment do cliente, aumentando a atratividade da ferramenta

como mídia.

i.4. Formato “vertical expansível” sincronizado com o comercial de 30 segundos

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WebTVtelevisão na internet

35

Métricas e análise de resultados

A profundidade e detalhamento dos relatórios extraídos no meio online são o

maior diferencial do meio frente as outras mídias, devido a quantidade de métricas

disponíveis para as análises de resultados.

De acordo com diretor de Business Intelligence, Tiago Turini, da Direct Res-

ponse, as ferramentas de medição de Web TV e vídeos não diferem hoje das ferra-

mentas que medem os sites de outros tipos, ou seja, ferramentas bastante conhecidas

do público como Webtrends, Predicta Athmosphere e Google Analytics, já possuem

métodos de medição que permitem o acompanhamento minucioso de um canal de

Web TV ou de ferramentas de Vídeo.

Tiago ressalta que essas ferramentas utilizam normalmente o conceito de Tags,

onde se coloca um código Javascript dentro de um ponto que se pretende medir. Turi-

ni explica que por ser uma estrutura simples, presente no código da maioria dos sites,

e habilitado na maioria dos browsers (normalmente acima de 95%), a estrutura Javas-

cript permite a medição em qualquer ponto do vídeo, sendo possível, por exemplo,

colocar medições a cada 10 segundos para saber se o usuário pausou o vídeo, maxi-

mizou o vídeo ou realizou alguma outra função.

Outra vantagem dessas ferramentas é o fato de permitirem o cruzamento com

outras medições de navegação do site. Dessa maneira, é possível saber a origem de

quem viu o vídeo, outras áreas que o usuário visitou anteriormente, qual o tempo

médio que ele ficou no site, quais outros vídeos ele visualizou e até cruzar com dados

demográficos informados pelo usuário, quando existe um cadastro de banco de dados.

No entanto, uma deficiência apontada é que a medição é discreta, ou seja, para

controlar o tempo exato é preciso implementar alguma medição especial no código da

página, mas na grande maioria dos casos, saber quem assistiu 10, 20, 30 segundos e

assim por diante já é mais do que suficiente.

Turini e Ruy Carneiro, ex-gerente do IBOPE NetRatings e especialista em Web

Analytics e Web Marketing, apontam que a maior deficiência do mercado não está

11

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WebTVtelevisão na internet

36

nas métricas em si, mas na falta de profissionais qualificados. De acordo com Turini,

faltam profissionais que possam sair da simples captura dos dados e passem a fazer a

análises relevantes dos mesmos.

De acordo com uma notícia do Meio&Mensagem, de fevereiro de 2008, a Niel-

sen estuda introduzir a medição de audiência para o consumo de vídeo até o fim de

2008, visando medir todos os tipos do consumo de vídeo, para certificarem-se se ele

ocorre na tela tradicional ou em telas menores, tais como telefones móveis ou apare-

lhos como o iPod. De acordo com Jim O’Hara, da Nielsen Co., ao Advertising Age, o

objetivo da empresa é medir completamente a audiência na internet trazendo-a para o

painel de TV.

Porém, a empresa encontra um grande entrave na realização de seu projeto, vis-

to que no ano passado, a empresa realizou um trabalho para analisar se os consumido-

res permitiriam a instalação de medidores em seus computadores e o resultado foi que

das 98 casas escolhidas, 44 concordaram em participar da pesquisa. Os usuários que

se recusaram a participar alegaram que, embora confiassem no sigilo da Nielsen, os

dados armazenados no computador eram pessoais.

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WebTVtelevisão na internet

37

considerações finais

Há diversas oportunidades de convergência de conteúdo da televisão con-

vencional para o meio internet, por conta da evolução tecnologica e a demanda de

usuários por meios segmentados e personalizados. Porém, a estrutura essencial da

televisão deve permanecer inalterada e por muito tempo ainda será possível assistir a

canais com grades de programação linear, com sequências predeterminadas de pro-

gramas, por conta da enorme penetração do meio na sociedade de maneira em geral.

A internet criou a possibilidade de uma programação não-linear e On Demand,

em que o usuário pode ver o programa que quiser, na hora que quiser, no formato que

quiser e no aparelho que quiser, facilitando a integração entre os meios e a conse-

quente transferência de conteúdo entre si.

Com isso, a massificação dos anúncios de televisão vai se transformar, através

do vídeo online, em uma comunicação personalizada, dirigida e relevante. Comuni-

cação esta que tende atrair investimentos de anunciantes e agências, em virtude da

potencialidade de resultados que podem ser avaliados de maneira clínica em virtude

das métricas dispostas pelo ambiente online, além do aumento do ROI de clientes.

No entanto, o aumento dos investimentos não migrará necessariamente da televi-

são, pois esta continuará sendo o meio com maior penetração, mostrando-se essencial no

mix de comunicação dos anunciantes que buscam ampliar a cobertura de suas campanhas.

Um fator chave para a ascensão da WebTV é a utilização planejada e bem

implementada das ações com tal ferramenta. Isso porque, sem falhas no processo de

planejamento, pode-se dirigir a mensagem a um público extremamente segmentado,

que estará receptivo ao tipo de comunicação enviada. Problemas no processo de im-

plementação da campanha são fatores agravantes, pois tendem a comprometer a etapa

de análise de resultados das ações, tirando do meio a virtude de suas métricas.

Conforme dito por Sérgio Kulpas, em março de 2008, “A TV se incorpora do

meio digital sem perdas. É uma reencarnação em termos de estrutura. O casamento

entre internet e TV é a maior aposta publicitária para a próxima década.”

12

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WebTVtelevisão na internet

38

Com isso, pode-se considerar a WebTV uma ferramenta já consolidada, do

meio online, com vasta possibilidade de segmentação e uma ampla variedade de

formatos de mídia a serem utilizados. Tal ferramenta, utilizada de maneira integrada

em planejamentos de mídia, tende a elevar as experiências dos consumidores com as

marca a um patamar elevado, com métricas que comprovem e sustentem os resulta-

dos do meio.

Page 39: WebTV: Televisão na Internet

WebTVtelevisão na internet

39

referências

• ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de

nicho. Campus, 2006

• NEGROPONTE, Nicholas. A vida Digital. Companhia das letras, 1995

• KULPAS, Sérgio. o vídeo online é a tv na Web, concorda?. Revista Meio Digital,

Edição 04, Mar/Abr 2008

• EDWARDS, Cliff. Adobe tenta tornar-se força no vídeo on-line. Valor Economi-

co, São Paulo, 6 de Maio de 2008

• Indicadores de mercado. interactive Advertising bureau brasil, Abril 2008

• Apresentação do canal terra tv. Março de 2008

• online video? A hora é agora. Apresentação do YouTube, março de 2008

• JONES, Daniel Farey. tv and online ads combination shows promise. Site Brand

Republic, 07 de Maio de 2008.

• LUCA, Lygia de. excesso de downloads é punido por provedores de banda larga.

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• Agência Brasil. Acesso à internet deve chegar a 80% dos brasileiros em dois

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• OSER, Kris., ADEPOJU, Samson. on-Demand and Web tv boosts viewer num-

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• Redação do IDG Now!. em 2011, publicidade em tv online renderá US$ 10 bi-

lhões, afirma estudo. Site IDG Now!, 08 de Agosto de 2007

• MOREIRA, Daniela. iPtv: tecnologia leva tv por assinatura aos usuários de

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• Redação do IDG Now!. Joost oficializa serviço de tv online. Site IDG Now!, 01

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13

Page 40: WebTV: Televisão na Internet

WebTVtelevisão na internet

40

• Computerworld/EUA. Assista TV de graça na web. Site IDG Now!, 01 de

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• Redação do Blue Bus. 62% dos anunciantes acham os comerciais de tv menos

eficientes. Site Blue Bus, 21 de Fevereiro de 2008

• MARSOLA, cristiane. Publicidade é o que telespectador menos gosta de ver na

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• MACKLIN, Ben. online video Will not replace tv. Site e Marketer, 12 de

Março de 2008

• Redação do Meio&Mensagem. nielsen quer medir vídeos online. Site

Meio&Mensagem, 12 de Fevereiro de 2008

• CARNEIRO, Ruy. Web analytics: procura-se um super-homem. Site Webinsider,

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• HESPOS, Tom. can targeted online video replace tv?. Site iMedia Connection,

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• Ibope Mídia. estudo inédito avalia o comportamento do consumidor brasileiro.

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• A TV invade a Internet. Site do instituto de estudos de televisão, 08 de Outu-

bro de 2008.

• Redação do IDG Now!. iFPi: música digital cresce 40% e movimenta US$ 2,9

bilhões em 2007. Site IDG Now!, 25 de Janeiro de 2008

• Blog oficial do Joost: http://blog.joost.com/

• Site oficial do TiVo: http://www.tivo.com/

• Site oficial da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão: http://www.set.com.br/

• Site oficial do UK Government Digital Television: http://www.digitaltelevision.gov.uk/

• Site oficial do Medialess: http://www.medialess.com.br/

Page 41: WebTV: Televisão na Internet

WebTVtelevisão na internet

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Pesquisas qualitativas

Tiago Turini | Direct Response

Diferente dos veículos de maneira geral, a Internet permite um alto nível de

detalhamento nas análises de resultados das ações, em virtude de suas métricas.

A transição dos programas de televisão para o meio online permite um nível

de detalhamento preciso na análise dos hábitos e de consumo de mídia do usuário?

Quais os tipos de programas e softwares mais utilizados para extração de

relatórios em ferramentas de vídeo e Web TV?

As ferramentas de medição de Web TV e vídeos não diferem hoje das ferra-

mentas que medem os sites de outros tipos, ou seja, ferramentas bastante conhecidas

do público como Webtrends, Predicta Athmosphere e Google Analytics, já possuem

métodos de medição que permitem o acompanhamento minucioso de um canal de

Web TV ou de ferramentas de Vídeo.

Essas ferramentas utilizam normalmente o conceito de Tags, onde se coloca um

código Javascript dentro de um ponto que se pretende medir, por ser uma estrutura

simples, presente no código da maioria dos sites, e habilitado na maioria dos brow-

sers (normalmente acima de 95%), a estrutura Javascript permite a medição em qual-

quer ponto do vídeo. É possível, por exemplo, colocar medições a cada 10 segundos,

saber se o usuário pausou o vídeo, maximizou o vídeo e etc. A única “deficiência” é

que a medição é discreta, ou seja, para controlar o tempo exato é preciso implementar

alguma medição especial no código da página, mas na grande maioria dos casos, sa-

ber quem assistiu 10, 20, 30 segundos e assim por diante já é mais do que suficiente.

Outra vantagem dessas ferramentas é que elas permitem o cruzamento com

outras medições de navegação do site, permitindo por exemplo saber a origem de que

viu o vídeo, outras áreas que ele visitou anteriormente, qual o tempo médio que ele

ficou no site, quais outros vídeos ele visualizou e até cruzar com dados de cadastro in-

formados pelo usuário (quando existe um cadastro por exemplo), como por exemplo

qual a faixa etária de quem visualizou o vídeo.

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WebTVtelevisão na internet

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Outro aspecto dessa indústria é quando seu vídeo é postado em alguma pági-

na fora do seu controle e na qual você não pode interferir no código, por exemplo,

quando você coloca um vídeo no Youtube. Nesse caso as suas medições ficam limi-

tadas as métricas dadas pelo programa, ou algum programa que utiliza a interface do

programa para ler os dados, ou seja, que tenha um robô que acessa a página e captura

de tempo em tempo as informação dela (para o Youtube uma ferramenta popular é o

Tubemogul). O próprio Youtube liberou a pouco tempo algumas métricas para quem

posta vídeos, na qual dá pra acompanhar o frequência no tempo, a origem dos usuá-

rios que assistiram e etc, mas está longe das possibilidades de quando você tem aces-

so ao código e utiliza uma ferramenta de mercado.

Qual a maior deficiência, em se tratando de métricas, da WebTV em seu

estado atual?

No quesito tecnológico, existem hoje ferramentas extremante avançadas e com

recursos que na maioria das vezes não são nem utilizados, além disso o mercado tem

evoluído e se consolidado com uma velocidade impressionante o que deve levar a

métodos de medição e ferramentas cada vez mais avançados. A maior deficiência en-

tão do mercado não é técnica e sim uma deficiência do mercado como um todo, e não

limitada ao mercado de WebTV e consistindo na falta de profissionais qualificados.

Esses profissionais num primeiro momento precisam fazer a correta instalação

da ferramenta e obtenção dos dados, isso é o essencial, mas o principal é transformar

todos os dados medidos em inteligência. Faltam profissionais que possam sair da

simples captura dos dados para a fazer a inteligência dos mesmo, ou indo mais além,

profissionais que olhem a inteligência desses dados integrada num âmbito maior que

é o negócio da empresa, por isso muitas vezes esses profissionais são considerados

profissionais de Business Inteligence (BI).

Para um melhor entendimento das características desse profissional recomendo

o ótimo artigo de Ruy Carneiro para o Webinsider. (http://webinsider.uol.com.br/in-

dex.php/2008/05/01/web-analytics-procura-se-um-super-homem/)

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WebTVtelevisão na internet

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Otávio Rittl | RaceTV

O cenário atual da Internet no Brasil, assim como os resultados apresen-

tados em sites de vídeos mostram um panorama favorável para o meio, porém,

a dinâmica da WebTV distancia-se desse padrão, aproximando-se do formato de

televisão convencional, onde o usuário é apensas receptor, não produtor de conteúdo.

Com grandes portais, como o Terra, investindo no desenvolvimento da televisão on-

line dentro de seus veículos, e outros meios de comunicação como a televisão aberta

e a televisão paga, fazendo a cobertura de eventos e oferecendo conteúdo semelhante

ao oferecido pela RaceTV, o que o leva a equipe da RaceTV a investir no projeto?

Através de pesquisas realizadas, descobrimos que o automobilismo é um seg-

mento, pouco explorado perante o poder de negociação que tem. (como você pode

ver na pesquisa em anexo).

Os quatro grandes diferencias da RaceTV, frente aos outros meios de comuni-

cação, são a segmentação, o poder de interatividade com os telespectadores, a abran-

gência e a convergência.

Segmentação:

A internet possibilita o anunciante ter certeza que está “falando” com o seu público

direto. Ela possibilita desenhar o perfil do telespectador, obtendo informações como:

- Localidade

- Idade

- Sexo

- Faixa etária

- Poder econômico

- Quanto tempo ele ficou assistindo a marca do anunciante.

Interatividade:

Temos dois tipos de interatividade: A do telespectador e a da RaceTV.

- Interatividade do telespectador:

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Nossa televisão permite a interatividade projetada para TV digital, entretanto já

está em aplicação na RaceTV. O telespectador/internauta sente-se reconhecido e satis-

feito quando seu e-mail é lido no ar. Estamos também fechando a tecnologia do teles-

pectador de deixar seu recado em áudio. Essas ferramentas qualificam muito nossa TV.

- Interatividade da RaceTV:

Temos a possibilidade de interagir com o telespectador no momento em que o

anúncio vai ao ar. Quando é veiculado, podemos colocar um pop-up solicitando ao

telespectador que entre e conheça mais do produto, ou compre o produto.

Abrangência:

Com apenas vinte e três dias de vida atingimos 1,5 milhões de visualizações

de vídeo, em mais de 50 países e 200 cidades no Brasil isso tudo com um valor muito

menor que um veículo convencional.

Convergência:

A RaceTV hoje é transmitida para circuitos fechados de TV, computadores e apa-

relhos mobile (celulares, palm tops, iPhones, etc.). Este é o futuro da comunicação.

Quais as formas de rentabilizar o investimento no projeto RaceTV? O retorno

financeiro vem da venda de mídia no canal?

Sim, vendemos espaços como uma TV convencional, mas temos também a

possibilidade de fazer a marca do anunciante interagir no momento de sua exibição

com o telespectador e possibilitar a venda no mesmo tempo.

Nosso foco é trabalhar com todas as ferramentas explicadas, desenhando

projetos exclusivos para nossos clientes, ou seja, faremos campanhas a quatro

mãos. Chamamos isso de projetos especiais.

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Andre Loureiro Pereira | ESPN

Com o projeto ESPN 360, há a possibilidade do telespectador acessar o con-

teúdo do canal, também, no ambiente online. Tal convergência de meios tende a

potencializar a audiência ou segmenta-la entre os dois meios?

Da forma que trabalhamos visamos potencializar a audiência, entendemos que

o consumo de mídia de Internet é feito em um momento diferente do consumo de TV.

Utilizamos a plataforma para que os usuários degustem a programação e/ou acessem

conteúdos que perderam de forma On Demand. Dessa forma atendemos a demanda do Fã

de Esportes de receber o conteúdo da forma e no momento mais adequado. O esporte tem

a peculiaridade do momento “AO VIVO”, por tanto toda e qualquer ação de VOD nunca

ofuscará a questão do ineditismo e imprevistos que o público anseia ver na transmissão.

A única forma de recuperar o investimento no projeto de WebTV é com a ven-

da de mídia no canal?

A publicidade é a principal forma de receita da WebTV no Brazil (entendo web

TV incluindo VOD). Para outros mercados a assinatura de conteúdo é uma importan-

te forma de receita, porém esse modelo não tem se mostrado eficaz para o mercado

Brasileiro. Temos o desafio de expandir a forma de trazer receita para que se justifi-

que as compra de direitos esportivos específicos para a internet.

Diferente dos veículos de maneira geral, a internet permite um alto nível de

detalhamento nas análises de resultados das ações, em virtude de suas métricas.

A transição dos programas de televisão para o meio online permite um nível

de detalhamento preciso na análise dos hábitos e de consumo de mídia do usuário?

O conteúdo da TV não é replicado na íntegra para a Internet, o que dificulta

uma comparação direta. Apesar dessa diferença, podemos identificar algumas tendên-

cias com as métricas da internet que podem ser utilizadas no planejamento da TV no

momento da compra de direitos e formatação dos programas.